O futebol de lá pro futebol de cá

Aqui, na terra do futebol-arte e da ginga moleque, cada vez mais, ganha popularidade um primo bem distante e nada pobre… e que de “foot na ball” tem muito pouco.
Sim, estou falando daquele que se joga com a mão e com uma bola oval, o futebol americano, e acredito que podemos aprender algumas coisas com ele.
Atualmente, o futebol americano é o esporte #01 dos Estados Unidos e a popularidade dele cresce mundialmente. No próximo domingo, acontece o Super Bowl XLVII (a grande final da liga – NFL – entre Baltimore Ravens e o San Francisco 49ers).
Para se ter uma ideia, 134 milhões de indivíduos assistiram ao Super Bowl XLVI, no ano passado, sendo 111.3 milhões de pessoas só nos Estados Unidos. Óbvio que, se compararmos com, por exemplo, uma final de Copa do Mundo (na última, em 2010, entre Espanha e Holanda, foi assistida por 619.7 milhões de espectadores ao redor do mundo), o número é bem menor, mas, ainda assim, impressionante.
E se a popularidade do futebol gringo ainda está muito aquém do nosso, o mesmo não se pode dizer em termos de grana. Um anúncio, de meros 30 segundos, nos intervalos do Super Bowl, custa, em média, 3.5 milhões de dólares (mais ou menos, R$7.100.000,) ou US$116.667, por segundo (só comparando, um anúncio de meio minuto no episódio final da novela “Avenida Brasil” valia, mais ou menos, 700 mil reais… #oioioi rsrsrs).
Esses números expressivos se devem, em grande parte, ao modelo de campeonato adotado e uma forte organização. O futebol americano tem uma temporada regular classificatória e uma pós-temporada com os playoffs (mata-mata), bem diferente do modelo do Brasileirão, que é de pontos corridos.
Um campeonato de pontos corridos favorece e recompensa sempre o time mais consistente, mas abdica da emoção no fim. Já o modelo de playoffs beneficia a equipe que tem um melhor desempenho na fase derradeira. Mas ele vai além disso, traz toda a emoção da decisão. E o clima de final traz o público… e os espectadores trazem anunciantes e a oportunidade de ganhos.
Se, hipoteticamente, considerássemos uma final entre Flamengo e Corinthians, com 39 milhões e 28 milhões de torcedores respectivamente, seriam 67 milhões de espectadores para um único jogo – isso sem falar naqueles que assistiriam só por prazer.
Vale ressaltar que, até mesmo na UEFA Champions League, que envolve grandes times europeus, justificadamente, o modelo de playoffs é adotado.
Um campeonato com uma fase mata-mata traria maior benefício, não apenas para os espectadores, que teriam os sentimentos (que se exaltam numa final) devolvidos, em detrimento desse modelo insosso de pontos corridos. Mas, também, benefícios para os clubes e entidades envolvidas, com maiores possibilidades de arrecadação, com a venda dos direitos de transmissão e dos espaços para anunciantes.
Agora, imagine se os nossos “camisas 10” disputassem os jogos da maneira que os “quarterbacks” jogam os playoffs por lá: teríamos, assim, uma ideia da dimensão, do potencial do Campeonato Brasileiro, não apenas financeiramente, mas também em termos de espetáculo.
Obviamente, tudo isso só é possível com boa vontade e um trabalho sério, que busque algo além do interesse de certas emissoras de TV e do próprio umbigo dos envolvidos… o que anda meio difícil por aqui.