Gota d’água: a impronunciável verdade sobre a Índia

Ela era uma estudante de fisioterapia, de 23 anos, que pegou um ônibus em Nova Délhi. Seis homens trancaram a porta e a estupraram barbaramente por horas, inclusive com uma haste de metal. Eles torturaram a jovem tão brutalmente, que os intestinos dela foram destruídos. O serviço de transporte público era um truque. Eles a jogaram para fora do veículo e a abandonaram nua, na rua, e, depois de corajosamente ter lutado pela própria vida, ela morreu.
Em toda a Índia, as pessoas estão protestando para dar um basta nesta situação. Nesse país, uma mulher é estuprada a cada 22 minutos, e poucas encontram justiça. Globalmente, 07 em cada 10 mulheres serão abusadas, fisicamente ou sexualmente, durante a vida. O horror em Nova Délhi é a gota d’água.
O líder dos estupradores desta mulher disse, friamente, que ela mereceu ser violentada, pois ela ousou enfrentá-lo. Culpar a vítima, entre outras atitudes absurdas (pra não dizer escandalosas), é comum em toda a sociedade. Incluindo policiais que, constantemente, deixam de investigar estupros. Tais atitudes reprimem mulheres e corrompem homens em todos os lugares. Campanhas de educação pública concretas alteraram radicalmente o comportamento social em casos como dirigir embriagado e fumar. Combater as causas dessa epidemia na Índia é vital (para mudar essas atitudes grotescas, mas comuns do sexo masculino, que permitem a violência contra as mulheres), juntamente com leis mais eficientes.
Uma ideia: anúncios publicitários, na Índia, são relativamente baratos. Portanto, um investimento significativo poderia cobrir vários mercados de mídia por um bom tempo. Esses anúncios devem visar subculturas masculinas (onde a conservadora misoginia prospera), desafiando (e envergonhando) diretamente essas atitudes e usando figuras populares, como atletas, que têm moral (um quê de autoridade) com o público.
Esta é apenas uma forma de reprimir a onda indiana de violência sexual. O retorno do dinheiro gasto virá na redução da pobreza e na promoção do desenvolvimento, pois o tratamento e o empoderamento das mulheres têm sido identificado como um dos maiores incentivos de progresso social e econômico.
Desde se opor ao apedrejamento de mulheres no Irã e apoiar os direitos reprodutivos femininos no Marrocos, no Uzbequistão e em Honduras, até fazer lobby para uma ação real de combate ao tráfico de mulheres e meninas, essa guerra contra as mulheres tem que acabar.