Manifestações – parte 01

“Essas massas de rapazes e moças e seus professores, contadas aos milhões ou pelo menos centenas de milhares em todos os Estados, a não ser nos muito pequenos e excepcionalmente atrasados, e concentradas em campi ou ‘cidades universitárias’ grandes e muitas vezes isolados, constituíam um novo fator na cultura e política. (…) Como revelou a década de 1960, eram não apenas radicais e explosivas, mas singularmente eficazes na expressão nacional, e mesmo internacional, de descontentamento político e social.”
A citação acima, do livro “Era dos extremos”, do historiador Eric Hobsbawm, demonstra que, apesar das coincidências com o momento atual em que vivemos, o contexto que o autor ressalta na passagem pertence a não tão distante década de 1960. Contexto que fez com que estudantes, professores e intelectuais de diversas regiões saíssem nas ruas para reivindicar direitos.
O mundo, hoje, transparece o mesmo desejo de luta dos anos 60, porém o que assistimos por aí é uma espécie de hipocrisia política, que anda corrompendo o mecanismo de reivindicação que outrora foi eficaz.
Ano passado, foram noticiadas passeatas por todo o Brasil, que tinham, como pauta de reivindicação, a corrupção de nossos políticos, projetos de leis contraditórios, melhores investimentos em setores considerados abandonados. Os manifestantes atingiram o governo com golpes de marretada, causando destruição de bens públicos e até mesmo privados. O Estado, de certa forma, ficou acuado, porém resistiu.
Lá fora, na Ucrânia e até mesmo na Síria, os “manifestantes políticos” conseguiram parte dos objetivos partindo pra luta, para o confronto na rua, da mesma forma que foi visto aqui. A onda de manifestações “radicais e explosivas” repercutiu no mundo todo como um símbolo do descontentamento político e social. E aqui no Brasil, também não seria hora de parar de generalizar e levar em consideração àqueles que são chamados de “vândalos” como símbolos de uma manifestação em defesa do povo?