Protestos

De manifestações – parte 02

servido por: JG Guerreiro

Não tem muito tempo que resolvi escrever, no Shots, um texto sobre as manifestações que estavam acontecendo em diversas partes do mundo e também no Brasil. Intitulei aquele trabalho de “Manifestações – Parte 01”, pois achava que não demoraria muito e logo apareceriam novos fatos para escrever mais.

Lá, escrevi a respeito da hipocrisia que lidamos com nossos manifestantes e o direito de se revoltarem contra o Estado, que, de certa forma, age com violência, com crimes de corrupção e desvio de verbas para áreas importantes na infraestrutura. Mas isso deveria ser de conhecimento de todos.

Mas é impressionante o descaso na investigação do caso do Santiago Andrade. Imagens daquele dia não comprovam de fato que o rapaz – já preso – foi quem atirou o artefato explosivo. Porém a culpa é da manifestação!

Precisamos analisar friamente tais fatos e não cair em armadilhas para enfraquecer um movimento que tem uma representação importante para o cenário político e social, mesmo que este seja ainda muito desorganizado.

Outro ponto é que o uso de violência no Rio de Janeiro não é novidade. Há três anos, um cinegrafista da Band foi morto em uma operação do BOPE em Antares. Quantos já foram torturados em comunidades, simplesmente para soltar uma informação sobre um criminoso. Os presídios em situação de calamidade pública e social. Não é um apelo aos Direitos Humanos, mas, por favor, tenhamos consciência sobre o que é violência no Brasil.

Ano passado, muitas pessoas – que estavam nas manifestações e não haviam utilizado violência – foram alvejadas (principalmente com bombas de efeito moral e balas de borracha), presas e outras foram feridas porque estavam se manifestando contra essa balbúrdia instalada no país. Cito o caso do aposentado que foi atropelado em meio à manifestação da Central do Brasil.

Devemos abrir nossos olhos ao que acontece: estudar os movimentos de luta, criticar manchetes duvidosas, procurar fontes e, claro, parar de – simplesmente – só criticar. Este texto pode parecer, para você, um simples texto de esquerda, mas é muito mais que isso. Encerro por aqui. Estamos no meio do olho do furacão, com temperaturas extremas, de máxima de 50º na Central do Brasil e mínima de 5º em Laranjeiras. Aguardo por um desfecho nesse recente caso. Por agora, lastimo muito a morte de Santiago Andrade e a perda que a família dele teve, porém o momento não é de parar com as manifestações. Elas carecem de uma organização melhor, então nos organizemos e lutemos por aqueles que nos deixaram.