Saint Seiya

O que aprendi com Os Cavaleiros do Zodíaco

servido por: Diogo Andrade

Se você nasceu na década de 80, talvez até um pouquinho antes disso, acompanhou, como nenhuma outra geração, a invasão nipônica à TV brasileira. Não que isso não ocorresse anteriormente (afinal, muito antes disso, National Kid e Speed Racer já faziam bastante sucesso por aqui), mas, em nenhum momento anterior, ela foi tão relevante. E, fatalmente, esse período fez parte da sua educação e da edificação do seu caráter.

Inicialmente, foram os tokusatsu (seriados live-action japoneses). Lion Man, Changeman, Flashman, Sharivan, Jaspion são alguns exemplos, que, no mínimo, você já ouviu falar. Mas a verdade é que, muito provavelmente, os acompanhava e era fã (obrigado, Rede Manchete). Nada de The Walking Dead, House of Cards, Breaking Bad ou Game of Thrones… naquela época, suas conversas com os amiguinhos eram para decidir quem seria o Change Dragon ou o Pegasus nas brincadeiras; ou mesmo quem seria o Jaspion ou o MacGaren.

Entretanto, nenhum tokusatsu lhe preparou para o impacto que viria logo a seguir, com a estreia, por aqui, de Saint Seiya, mais conhecido, no Brasil, como: Os Cavaleiros do Zodíaco.

Você pode até não gostar, mas, com certeza, sabe o que é Os Cavaleiros do Zodíaco. Um fenômeno imediato. Lembro, até hoje, do primeiro episódio que assisti. Confesso que nunca tinha visto tanto sangue num desenho. No dia seguinte, na escola, não se falava noutra coisa. Todos já estavam elegendo quem seria o Seiya, Shiryu, Hyoga (ainda que ninguém quisesse ser o Shun, rs). O rápido sucesso logo se transformou na eleição de personagens favoritos, defesas apaixonadas de pontos de vista, venda de action figures e na estreia de outros animes por aqui, como Yu Yu Hakusho, Shurato, Samurai Warriors e tantos outros.

Mas será que Saint Seiya não foi além? Será que esse impacto não ressoa até hoje na nossa forma de ver o mundo?

De uma forma superficial, posso dizer que, por conta de Saint Seiya, me interessei por mitologia grega e cultura oriental. Mas, seguramente, o efeito foi maior que esse.

Pela primeira vez, eu acompanhei uma história que mostrava o profundo valor das escolhas, da amizade e da determinação. Saint Seiya me mostrou que vamos enfrentar situações difíceis… às vezes, até impossíveis a princípio, mas que, no fim das contas, o importante é nossa força de vontade e quem está ao nosso lado nessa jornada.

Aliado a isso, a série desconstrói a visão de que o herói precisa ser (trocadilhos à parte) o padrão grego de paladino. Os protagonistas são adolescentes (por volta de 14 anos, no começo da história), franzinos e inexperientes. As armaduras deles, baseadas nas constelações, são feitas de bronze, as mais fracas dentro da hierarquia. Na Batalha das Doze Casas, esses Cavaleiros de Bronze enfrentam os Cavaleiros de Ouro – adversários infinitamente mais poderosos. Em outros momentos, se veem diante de deuses (como Poseidon, Hades) e, nem por isso, refugam.

Para mim, a mensagem é muito clara: você nunca vai estar totalmente preparado. Mas se você acredita de verdade em seus sonhos e tem a determinação para ir atrás deles, por mais difíceis que sejam os obstáculos, nada pode pará-lo.

Acreditar em seus sonhos, em um ideal, mesmo quando tudo a sua volta parece estar contra você. Buscar a força de vontade, mesmo nos momentos em que você não se sente capaz, preparado. Todos nós temos a Atena em que acreditamos e que queremos proteger em nossas vidas. Talvez ela possa estar até um pouco esquecida, mas, com certeza, está lá. Resta saber se vamos ter a coragem e a determinação de ir atrás e salvá-la.

P.S.: meu favorito sempre foi o Shiryu!