Televisão

Porque esse é o melhor desenho infantil que um adulto pode assistir!

servido por: Leonardo Rocchetti

“Hora de Aventura” é uma daquelas coisas que eu apresento para todo mundo que não conhece. Sinto quase uma obrigação moral para que todas as pessoas que conheço assistam esse desenho.

A princípio, parece bem infantil, um garoto de 12 anos e um cachorro mágico, que tem o poder de se esticar e aumentar de tamanho, estão sempre em busca de aventuras e lutas contra o mal. Finn – o humano (o último da espécie) – vê o mundo em preto e branco no quesito heroísmo e bondade, enquanto Jake – o cão – é um pouco mais cínico neste sentido.

Eu mesmo tinha um preconceito enorme quando via as chamadas, não tinha a menor vontade de assistir pelos traços e por o desenho ser extremamente colorido, até que, um dia, acabei deixando no canal e foi incrível.

Um desenho que faz piadas usando o Super-Homem de Nietzsche merece, no mínimo, atenção. A partir daí, assisti a todos os episódios, de todas as temporadas… à exaustão. Este é um desenho que crianças acham divertido pelas lutas, aventuras e personagens, mas só adultos entendem o âmago do que é dito. Várias referências de cultura pop, sociologia, filosofia e tantas outras coisas, que fazem com que este desenho seja mais do que um simples divertimento infantil.

Ooo é um mundo criado por Pendleton Ward, deliciosamente surreal, enquanto estranhamente familiar. “Hora de Aventura” é passado em um período pós-apocalíptico, após a Guerra dos Cogumelos, com sinais de devastação nuclear. Um mundo povoado por pessoas feitas de doce, iriscórnios (que só falam coreano), vampiros (que preferem a cor vermelha – sugando-a dos objetos – do que sangue), demônios, gigantes, mágicos, muitas princesas e, é claro, a Princesa Caroço.

As princesas são um assunto à parte, por virem em todas as variedades possíveis. Temos a Princesa Jujuba (um dos personagens principais) – com cabelo feito de chiclete –, mas também temos a Princesa Fantasma, Princesa Embrião, Princesa Café da Manhã, só para citar algumas das mais bizarras. Mas não podemos esquecer a Princesa Caroço: a egoísta, a egomaníaca e com uma voz grossa, masculina… minha favorita.

Apesar de as histórias parecerem desconexas, se você assistiu apenas alguns episódios, mais à frente, elas vão se explicando, de forma trágica algumas vezes.

E o tragicômico é parte intrínseca do desenho. Personagens com problemas emocionais e alguns até com sérios problemas psicológicos, por um ou outro motivo, são essenciais no desenrolar da história e os porquês são explicados gradualmente.

E para explicar a imensa quantidade de fãs adultos de “Hora de Aventura”:

“É terra dos doces na superfície e escuridão debaixo, e é por isso que é atraente, eu acho. Essas são meu tipo favorito de emoções – aquelas que entram em conflito uma com a outra, e elas se sentem estranhas dentro de você.”

Se você não assistiu este desenho, assista. Sério, assista! Caso você, mesmo depois de assistir, não gostar, procure um médico urgente.