Brasil 2014

A Copa está chegando e só se fala em outra coisa

servido por: Bernardo Iwalski

Ao ler uma notícia sobre a Copa de 2014, fui surpreendido com o calendário: falta menos de um mês para o maior evento do planeta (pelo menos para os amantes de futebol). Ao constatar que estamos praticamente em junho, ao contrário dos outros anos que penso “cara, o ano tá voando”, a minha primeira reação foi “como assim?!”.

Como que eu, louco por futebol, daqueles que sempre comprou tudo da Copa – álbum, guia, camisas, etc. – estou tão distante desta, logo desta, que acontecerá no nosso quintal?

Falta de craques? Não, não. Campanha ruim na Copa das Confederações? Também não. No final, percebi que não sou só eu que estou desmotivado. As ruas não estão decoradas (a minha, por exemplo, sequer tem uma bandeirinha, diferentemente das últimas edições), não vejo as pessoas comentando os grupos e os possíveis confrontos na fase de mata-mata, o meu Facebook não está entupido de esperança e ansiedade e, na verdade, o único assunto – que remete à Copa – que se escuta por aí é sobre o álbum de figurinhas.

Mas por que isso? Não gostamos mais de futebol? Cansamos de Copa? Brigamos com a FIFA?

Acho que não, nada disso. Mas nossas expectativas, principalmente as extracampo, foram tão grandes para esse evento que, agora – na véspera -, já nos consideramos perdedores.

E o motivo é óbvio: nenhum dos aeroportos das cidades-sede está pronto, as obras estruturais – metrôs, trem-bala (sim, um trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro foi anunciado)… nada, absolutamente nada mudou de maneira significativa. Nem os poucos estádios – que foram concluídos – ficaram como prometido. A frase “imagina na Copa”, antes usada com uma pitada de ironia, passa a ganhar um tom desesperado quando lembramos que a Copa está chegando e, sim, ela será nesse Brasil.

Como se não bastasse isso tudo, ainda somos surpreendidos com declarações brilhantes, como a do secretário da Secopa do Mato Grosso, Maurício Guimarães, que afirmou que os gringos só querem saber de festa e não ficarão incomodados com as obras inacabadas.

Os governos podem criticar as oposições que, certamente, fizeram e fazem de tudo para atrapalhar; podem chamar os sindicatos de aproveitadores, por marcarem greves na véspera da Copa; podem culpar quem ou o quê eles quiserem. Afinal, se tem algo que nossos governantes são craques, é em inventar desculpas. Mas, no final, a culpa por essa apatia é, como sempre, daqueles que elegemos nas últimas eleições.