Eleições 2014

Dilma x Aécio

servido por: JG Guerreiro

Antes de começarmos a debater a eleição que se aproxima, gostaria de deixar bem claro, para o nosso leitor, meu posicionamento político e ideológico. Sou historiador e defendo a esquerda, defendo os interesses da massa trabalhadora e das minorias, o fim das desigualdades sociais e econômicas – causadoras de muitos problemas, que se tornaram crônicos em uma nação enorme como o Brasil. Sou contra o capitalismo imperialista, na forma como se desenvolve, excluindo e marginalizando a sociedade, a ponto de se tornar um autoritarismo econômico. A possibilidade de uma democracia baseada no socialismo, rompendo com essas desigualdades, me faz um militante dessas ideias, capazes de modificar gradualmente esse país.

Apresentações à parte, voltemos a analisar o contexto em que estamos, fazendo jus ao título deste artigo: Dilma x Aécio, ou melhor, PT x PSDB. Estamos presenciando um conflito político e ideológico, seja nas propagandas eleitorais, seja nos debates e, por que não dizer, nas mídias sociais. Dilma versus Aécio se tornou algo muito maior do que uma simples eleição (ou reeleição), mas, sim, um confronto de ideologias que há muito não se assistia nesse país.

Dilma significa a continuidade do governo PT, que consiste em mais quatro anos (se tornariam 16 anos de PT, somando com o governo Lula). Isso é democracia? Esse é o pensamento de muitos conservadores, que enxergam o governo do PT como um retrocesso político e social. Eu não enxergo dessa forma, caros leitores.

Não estou defendendo o governo PT, pois fui e sou contra a várias determinações que este partido tomou quando esteve à frente do executivo deste país. A corrupção do mensalão, o desvio de verba na Petrobras, a não realização de uma reforma política, a não realização da reforma agrária e o desinteresse pelos direitos das minorias são pontos cruciais que me levam a criticar fortemente esse governo. Em contrapartida, devemos deixar claro que após o fim da ditadura, o Brasil avançou, e muito, no plano econômico-social nos anos PT.

Votarei na Dilma no segundo turno que se aproxima, e isso não significa corroborar com a corrupção e com a roubalheira, mas, de fato, não estarei votando no arcaísmo econômico e social que o PSDB representa: nepotismo, desemprego e arrocho salarial, diminuição do salário mínimo, privatizações, exclusão e desinteresse pelos direitos das minorias, censura, fora os desvios de verba que, se somarmos os anos FHC, foram muito piores que os anos PT. Não vem ao caso fazer campanha aqui, postando estatísticas ou números que comprovem a afirmação acima… caso ainda não saibam, procurem. Procurem números comparativos entre as duas experiências de governo (PSDB e PT).

Porém, a minha indignação é maior. A minha indignação se faz presente desde o momento em que começaram as campanhas eleitorais. Sou de um tempo onde debates e discussões – principalmente nesse período – se faziam com propostas para o eleitorado. Os candidatos se armavam para os debates com argumentos capazes de enfraquecer o oponente, utilizando as melhores ideias. Em 2014, no pleito, o que se vê não é isso.

Isso me faz olhar para o passado – não tão distante – e lembrar de um cara chamado Plínio de Arruda Sampaio. Despojado, sarcástico e inteligentíssimo, sabendo alternar perfeitamente momentos de ataque com propostas. Que saudade, Plínio!

Os debates das TVs abertas mostram claramente como os candidatos deixaram de lado as propostas. Até o momento, já foram três debates e ainda falta a emissora global. O que se viu foram ataques pessoais, chegando, em alguns momentos, a ofensas baixas ao modo de vida dos candidatos. O que assistimos é a banalização da política brasileira.

O eleitorado busca aquele que pecou menos e não mais aquele que tem condição de governar. O eleitor, que está em dúvida a essa altura da campanha eleitoral, vai decidir por aquele que tiver melhor preparo… e isso, definitivamente, não significa que aquele com melhor preparo é o que ataque melhor ou que tenha uma postura rígida em um debate. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem censurado algumas propagandas (principalmente do PT) devido aos ataques, cada vez mais ofensivos. O problema é que o PT tem argumentos necessários para desconstruir a imagem correta de Aécio Neves… e como ele foi inúmeras vezes acobertado, agora não seria diferente.

É chegado o momento do eleitor se decidir, então que agora o faça de uma maneira sóbria e não apoiada nessas acusações e nessas ofensas. Que seja feita de um modo enriquecedor. Busque uma alternativa que seja melhor para o país… e que essa alternativa não parta do princípio egocêntrico-conservador-reacionário. Afinal, “pensar melhor” tem 13 letras!