Por mais mesmice
O começo já é na defensiva, porque ódio pega.
Podem me julgar, mas saibam que, nas últimas eleições, eu não votei em ninguém e por motivos óbvios. Uma razão foi o fato de eu estar ausente neste período, então fui à praia nos dois dias. A segunda, e mais importante, foi que ambos os candidatos eram e são muito fracos para ocupar a cadeira de presidente, de um país tão grande e maravilhoso como o nosso. Dilma mostrou isso nos últimos quatro anos e Aécio, durante a desastrosa gestão em Minas Gerais, como governador e, também, no Senado (tido como o pior entre todos da federação). Ambos, nada simpáticos, apenas representativos.
Nos últimos dias, venho observando muitos pedidos de impeachment para a Dilma, o que é absolutamente compreensível e até apoiaria, caso ela for declarada oficialmente culpada (por investigação e julgamento, não pela Veja).
Sabemos dos escândalos da – ainda – estatal Petrobras, de tantos outros escândalos de corrupção. Nem vou entrar no mérito histórico ou citar, mais a fundo, outros períodos catastróficos, que também mancharam a nossa história, como o Golpe Militar.
Enfim, verdade ou não, culpada ou não, a popularidade da Dilma vem caindo, em queda livre.
Além disso, poderosos integrantes do partido da presidente sendo presos, como nunca houve antes. Não vimos o playboy e ladrão de cadernetas de poupança, Fernandinho Collor, sair algemado, só para citar um exemplo.
Voltemos ao presente.
O ódio, direcionado à Dilma, vem de toda a rejeição à figura de Lula e do grupo por ele fundado. Pela não aceitação de um Comunismo, que sequer faz mais parte da ideologia do partido e do fundador dele. A rejeição ao PT é clara nas camadas mais bem posicionadas da sociedade, que vê no PSDB, claro, a solução.
O pedido de impedimento de Dilma seria respeitável, se fosse legítimo. Ele está sendo impulsionado, não por julgamento dos crimes financeiros e corrupção, mas por opinião pública deste seleto grupo formado pela classe média padrão e endossada pela grande mídia padrão, que defende o “cidadão de bem”.
Mas o que está acontecendo, por intermédio deste pedido “popular”, é uma demonstração clara de que eleitores do Aécio ainda estão sentidos por conta da derrota pela presidência da República. Se bem lembram, após a derrota, o caminho foi o fomento ao apelo popular de um impedimento. Tamanha a raiva.
Mas como sabemos, quando temos raiva ou ódio, ficamos cegos e sem a capacidade de pensar e nos organizar. Muitos destes eleitores não são a favor da democracia, muitos são a favor da ditadura e pensam com o intestino.
Muitos abominam os direitos trabalhistas, rechaçam metrô em áreas nobres ou acesso à educação de qualidade a todos.
Para esses eleitores em especial, nas próximas eleições, vou torcer muito para que o PSDB ganhe em âmbito federal e faça, no país, o que fez com SP e MG: destruíram a segurança pública, a educação, além da evasão de empresas para outros estados pela aplicação de aumento em impostos estaduais (isso vai fazer os playboys se debandarem de SP também).
O rico estado de São Paulo parou de crescer há muito tempo, parou de ter investimento e gestão há mais ainda: duas décadas do mais puro gesso.
Esses são meus votos para os eleitores do PSDB.
Só para lembrar, entre 1994 e 2002, a inflação subiu de zero para 12%, éramos o quintal dos EUA e eternos devedores. Poucas pessoas viajavam para o exterior, não havia incentivo ao crédito e oferta de imóveis/automóveis, além do sempre crescente desemprego… poucos dados para refrescar a memória.
Com ironia, eu, um Zé Ninguém, como já ouvi, “defensor dos coitadinhos”, um cara sem pistolão, que não é fruto de família abastada e/ou tradicional.
Que acabem com todos os projetos sociais, educacionais, de pesquisa e línguas.
Volte FMI. Volte Petrobrax. Anões do orçamento, privataria e muitas outras presepadas.
Para encerrar, mas sem ser leviano, digo que eu até assinaria o fim deste texto, mas não sei escrever direito.