Back to basics em uma galáxia muito distante
Eu tinha combinado com meu editor que essa coluna seria uma cartinha ao Papai Noel… mas tinha um Episódio VII no meio do caminho. E os planos mudaram!
Enfim… eu vou tentar ser o mais discreto possível. Sem dar nenhum grande spoiler do filme, mas pode acontecer por acidente…
Então…
Back to basics! É um conceito que existe na área de economia e significa “voltar ao básico”. Voltar às origens para recuperar a produtividade e a qualidade. A gente pode encontrar esse mesmo conceito em boas reformulações, que fazem com que personagens voltem aos trilhos e voltem a render boas histórias. Lembram da fase do Waid no Capitão América? Back to basics!
Citei quadrinhos só para não perder a prática, hehehehehehe…
Mas voltando…
É exatamente esse conceito que J.J. aplica nesse novo Star Wars. Pega tudo que a trilogia original tinha de melhor e atualiza. Adapta. Relê. E assim, revitaliza toda a saga!
George Lucas canibalizou os filmes de bangue-bangue, os de samurai, os de guerra para criar algo único. J.J. faz o mesmo, mas usando, como ponto de partida, os filmes originais…
Ele fez o dever de casa direitinho. Só trazer de volta Lawrence Kasdan já era um claro indício disso.
Estão de volta os efeitos práticos e as filmagens em locação, que fazem toda a diferença e trazem uma “verdade” – que a última trilogia do Lucas fez questão de jogar fora.
Reaparecem as lutas ferozes e apaixonadas com o sabre de luz, lembrando os embates entre Luke e Vader nos Episódios V e VI.
Retornam as batalhas aéreas empolgantes.
Regressa o humor! Engraçado de verdade! E não aquela besteira protagonizada pelo famigerado Jar Jar Binks.
E o mais importante! Ressurgem os personagens carismáticos! Algo que a trilogia original tinha para dar e vender e a segunda trilogia passou longe de nos dar.
O roteiro não tem a menor vergonha em emular os roteiros de Uma Nova Esperança, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi.
O cruzador tomando toda a tela…
O carismático droid perdido em um planeta desértico e sendo encontrado por jovem e hesitante protagonista…
A fuga alucinada levando os heróis a cantos distantes da galáxia…
A “descoberta” da força com a ajuda de um alienígena baixinho…
A “divisão” de grupos para derrubar a nova Estrela da Morte…
A “crise” familiar…
A morte do “mestre”…
Mas toda essa apropriação é muito bem-feita e cuidadosa, recheando o filme de uma metalinguagem, que faz com que O Despertar da Força extrapole os limites da tela do cinema e seja algo muito maior.
Os novos personagens são os espectadores novatos, os fãs recém-chegados. Que nunca viram a trilogia original do cinema e só conhecem as “lendas” pelas histórias contadas.
Han e Chewie somos nós! Os fãs antigos, que estavam lá quando tudo aconteceu e somos levados de volta à ação. We’re home!
No final das contas, o que temos é algo capaz de encantar os novos fãs e resgatar os antigos, deixando o terreno muito bem preparado para esse recomeço da saga no cinema. E aquele final? Talvez o melhor cliffhanger de toda a saga…
Ainda me arrisco a dizer que temos um vilão com extremo potencial para ser maior que o Vader.
E também ouso comentar que temos a melhor personagem feminina da saga, com um papel de protagonismo de verdade. Coisa que Leia e Padmé não tiveram. E defendida com maestria por uma ótima atriz! Coisa que a inexistente direção de atores de George Lucas não deixou Natalie Portman fazer.
Ao final da sessão em que assisti ao filme, quando as luzes se acenderam, o silêncio imperava. O público parecia anestesiado…
Normal! Afinal, Star Wars estava de volta! Do jeito que tem que ser!