Carnaval

Eu quero é botar meu bloco na rua… brincar, botar pra gemer

servido por: Leonardo Rocchetti

Quem me conhece, sabe que eu ODEIO carnaval: não gosto da música, do calor, do clima. Em compensação, uma coisa que adoro é viajar… e quando me convidaram para passar o carnaval no Rio de Janeiro, não pensei muito. E assim começa a “aventura” de um hater no carnaval mais famoso do Brasil.

Claro que tive que comprar uma fantasia para entrar no clima. Bem, fantasia é exagero, estava mais para cospobre… mas a intenção era a de me “socializar”.

Primeiro dia, nossa programação (que, por sinal, se repetiria nos outros): blocos! Marchinhas de carnaval antigas, pouco ou quase nada de outro estilo musical, criançada na rua, muitas pessoas fantasiadas. E veio aquela lembrança de quem era criança – em São Paulo – nos anos 80, das matinês em clubes (que, invariavelmente, aconteciam nas quadras cobertas), com muito confete, serpentina e aquela fantasia que sua mãe fazia um enorme esforço para parecer o mais bacana possível… e, o melhor, estas fantasias normalmente eram caseiras.

Meu ódio pelo carnaval foi trocado por um saudosismo de uma época mais ingênua, mais divertida… e foi isso que presenciei em diversos blocos, um clima de diversão saudável em vez de promiscuidade insana, que os desfiles de escolas de samba, assim como as emissoras de TV, vendem. Claro que, pela cidade, haviam blocos com essa pegada mais sexualizada, mas apenas vi isso quando passamos pela Farme de Amoedo, a caminho de um restaurante. Nos que fui, fosse o Sargento Pimenta, Cordão do Boitatá ou Fogo na Cueca, o clima era de diversão descompromissada, sem apelo sexual, blocos em que pessoas – de diversas idades – estavam juntas, em harmonia. Gostei muito do que presenciei e foi muito diferente do que imaginava.

Após estes 04 dias de carnaval no Rio, continuo não gostando de samba, tendo verdadeira ojeriza por escolas de samba… mas, em compensação, adorando este sentimento de volta às raízes que o Rio, e outras cidades, estão retomando com os blocos. Ano que vem, provavelmente irei ao Rio de novo. Desta vez, com uma fantasia mais bacana ou um cospobre mais bem elaborado. Vou cantar que mato quem roubou minha cueca para fazer pano de prato, tomar cerveja e me divertir sem a sexualização que a mídia vende. E esperando, sinceramente, que este movimento seja duradouro.