Que foda!
A CHEGADA de Shaun Tan…
Ô quadrinho difícil de resenhar esse!
Tenho que confessar!
Descobri essa graphic em 2013, quando estava desenvolvendo um projeto de video mapping. O tema central era sobre ser estrangeiro e, na pesquisa por referências e materiais sobre o tema, acabei chegando nesse quadrinho.
E que puta obra de arte acabei descobrindo!
Cara… é um álbum para os professores exibirem para os alunos nas aulas de arte! Consegue ser surrealista, expressionista, impressionista e mais um monte de movimentos artísticos!
Lembro que – na época – minha vontade era de correr para debaixo das cobertas e chorar pela minha insignificância como ilustrador diante do que via…
Ao reler… foram mais dois dias de lágrimas debaixo do edredom, que só terminaram porque minha esposa me obrigou a voltar a trabalhar…
Enfim…
Confissões constrangedoras feitas, vamos seguir…
Shaun Tan é inacreditável no ofício dele! É extremamente realista e detalhista! E usa de todo o talento para nos guiar pela saga de um estrangeiro sem nome, que viaja para um país distante em busca de melhores oportunidades para a esposa e filha.
Quando falei sobre Lições dos Cafaggi, comentei sobre como trabalhar com a nostalgia e a dificuldade de se apelar para a memória. Tan não se faz de rogado e, sem nenhum medo, transforma o material num lindo álbum de memórias. Busca ecos no movimento de imigração da Europa para os EUA, no início do século XX – onde uma quantidade enorme de pessoas fugiu da pobreza e dos conflitos para “fazer a América” -, para construir a saga.
É interessante pensar em como o artista se preocupa em criar – com esses recursos – um vínculo da obra com os leitores, com momentos reconhecíveis e sentimentos de fácil identificação. E é ainda mais interessante pensar na dicotomia que ele gera, ao contrabalancear com elementos assustadoramente surreais. Que existem para ressaltar ainda mais a estranheza de se estar num mundo diferente, com outros hábitos e culturas.
Sem um balão de texto, tudo se apoia – totalmente – na arte de Shaun. O controle narrativo, que ele demonstra, é absurdo, saindo de incríveis painéis de página dupla para páginas com dez, doze ou mais quadros. E o fato de não precisar de palavras para passar a mensagem, torna o conjunto ainda mais universal e sem barreiras.
Enfim…
É foda!