Eleição

O que aconteceu na cidade cinzenta?

servido por: Alfredo Tambeiro

“Não existe amor em SP” é o título de uma música do Criolo e, na noite deste domingo, este refrão apareceu em muitos posts nas redes sociais… publicados por pessoas que não conseguem digerir a vitória do PSDB na prefeitura de São Paulo.

Acredito que há amor em SP, porém acredito que os paulistanos amam mais a si mesmos que o coletivo. Isto pode ser fruto de ter que sobreviver nesta grande e opressora metrópole.

A vitória no primeiro turno mostra que o paulistano não quer uma cidade acessível… talvez isto não seja prioridade para os eles: uma capital mais humana.

Claro que, ao escrever algo deste tipo, pode parecer que sou uma pessoa com tendências esquerdistas, que está revoltado com a perda do candidato preferido.

Mas, se formos francos, o candidato que levou de presente a prefeitura é representante de uma elite que, para muitos, é a representação de um ideal a ser alcançado.

Esta elite paulistana não suporta a ciclovia/ciclofaixa. Acredita que o carro é uns dos maiores bens a ser adquirido e, portanto, deve ser enaltecido pelas ruas na velocidade de 90km/h. E, por isso, levar multa é culpa de um ser malévolo e, não, do motorista que não respeita o limite de velocidade.

Ela também tem alergia ao ver o povo desfrutando da Paulista; acredita que festas populares devem ficar restritas às periferias; tem certeza que cultura só tem vez se for cara e caso seja, de alguma forma, uma cópia ou inspirada em algo que acontece no primeiro mundo; não se preocupa com corredores de ônibus, afinal, ela tem carro (os que ainda não têm, sonham em ter); e, principalmente, não toleram passeatas porque atrapalham o trânsito… por isto, intimamente, tem um alívio quando a PM dispersa os “arruaceiros”.

Agora… você pode estar se perguntando: o que resta para as pessoas que não acreditam neste ideal?

Nos resta respeitar a democracia, pois ela tem que ser soberana… porque, sem ela, o futuro pode ser bem pior. Mas nos sobra algo primordial: a responsabilidade de exigir – do prefeito e dos vereadores eleitos – melhorias para nossa cidade. Quem sabe, assim, poderemos criar uma capital mais humana e consciente.