Resenha

25 anos de Image Comics: WildC.a.t.s

servido por: Vitor Leobons

Todo mundo tem aquela bomba favorita.

Tem gente que curte Romero Britto; que adora Latino; que acha Batman v Superman é uma obra-prima incompreendida. Pois bem… WildC.a.t.s é uma das minhas bombas favoritas.

Criado por Jim Lee, em parceria com o amigo Brandon Choi, WildC.a.t.s é o ponto de partida do universo WildStorm.

Foi no universo WildStorm que a Image nos deu pérolas como The Authority e Planetary. E foi com os WildC.a.t.s, de Lee e Choi, que tudo começou!

Mas, sendo bem direto, é uma grande porcaria!

As quatro edições iniciais da revista, que completam o primeiro arco dos WildC.a.t.s, são um ótimo exemplo da tosqueira que imperava nas HQs americanas no início dos anos 90: as splash pages, os dentes cerrados, o Wolverine genérico…

Ruim demais!

Mas é divertido pra cacete!

A ação é constante. A trama rocambolesca tem viagens no tempo, invasão alienígena, conspiração nos bastidores do governo.

A tentativa de criar suspense em diversos pontos é risível!

Os diálogos são péssimos! Recheados de frases de efeito; coisas como: “não sei se você tem estômago para isso” e… BLAM! Tiro na barriga do vilão!

“Você precisa ir no coração do problema” e… POW! Facada no peito do inimigo!

Levar a sério é impensável. E, por isso mesmo, impossível não se divertir.

Ah… nem os desenhos do Jim Lee salvam. Ele faz alguns painéis incríveis, algumas splash pages de ficar um tempão admirando. Desenha as cenas de ação muito bem. Mas é inconstante. Em diversas cenas, os personagens estão muito mal desenhados. Irreconhecíveis de um quadro para o outro.

E a narrativa é péssima! Mas isso não é novidade… o storytelling do Lee nunca foi lá essas coisas.

Podemos ficar discutindo sobre o conceito distorcido de heroísmo ao longo da história, mas é algo que extrapola esse quadrinho e diz muito sobre aquele período dos comics. Inclusive como os autores, nos anos 90, distorceram completamente o que obras seminais, como Watchmen e O Cavaleiro das Trevas, queriam dizer. Mas não é o meu objetivo aqui e agora…

Lançadas pela Editora Globo, as edições eram bacanas. Ainda mais se compararmos com a péssima qualidade gráfica das lançadas pela Abril Jovem na mesma época. Possuem alguns problemas de impressão, como algumas páginas com o tom das cores – do mesmo personagem – diferente em relação à anterior, definição ruim… provavelmente, situações relacionadas ao envio dos originais americanos para adaptar/traduzir e ao recebimento do material pelos editores daqui.

A série, publicada pela Globo, teve 15 edições e pegou a fase inicial escrita por Lee e Choi. Depois, a entrada de Chris Claremont nos roteiros, relembrando a equipe criativa dos mutantes da Marvel. É um material que nunca vai ser relançado, depois da venda do estúdio WildStorm para a DC…

Enfim…

É história dos quadrinhos! É um quadrinho porcaria demais! Mas me diverte! E é interessante como o material tinha potencial… basta ver o que Alan Moore fez com os mesmos personagens, não se levando nem um pouco a sério. Ou então o que Warren Ellis está fazendo atualmente na DC, com a releitura do universo WildStorm.