Resenha

25 anos de Image Comics – KISS: PSYCHO CIRCUS

servido por: Vitor Leobons

Nessa comemoração dos 25 anos da Image Comics, um dos meus objetivos é mostrar como a editora se diversificou e se reinventou, tornando-se uma das mais importantes do mercado estadunidense…

Pois bem!

É isso que nos leva a Kiss: Psycho Circus.

Gene Simmons talvez seja um dos maiores empresários que a indústria da música já teve e ele sabe, como poucos, capitalizar em cima da própria banda.

E com isso, histórias em quadrinhos protagonizadas por Simmons, Paul Stanley & trupe era algo lógico! A estreia do Kiss nos quadrinhos foi em uma série de sucesso publicada pela Marvel… e, no auge da Image Comics, eles ganharam uma nova revista pelo estúdio de Todd McFarlane. Uma opção lógica, já que Todd estava arrebentando com Spawn e outras histórias sobrenaturais e de terror.

Fazendo uma ponte com o álbum da banda, lançado logo depois, Kiss: Psycho Circus teve 31 edições e as seis primeiras foram publicadas – aqui no país – pela Abril, numa minissérie em três partes.

Com roteiros de Brian Holguin e desenhos de Angel Medina, os integrantes da banda são transformados nos Quatro-Que-São-Um. Entidades sobrenaturais e superpoderosas, acima do bem e do mal e ligadas a um bizarro circo de horrores.

Holguin é extremamente eficiente na ambientação que cria e, sem a pretensão de ser genial ou revolucionário, nos serve uma série de leitura rápida e que é um prato cheio para os fãs do gênero. Temos terror psicológico, horror, suspense e muita violência… e o ritmo – nos seis volumes iniciais – é incrível! Uma história em duas partes, na primeira edição da minissérie, é uma ótima apresentação do conceito da HQ. A segunda abre com uma trama curta, que mantém o clima apresentado na aventura anterior, mas expande as possibilidades. Não sabemos quem são os Quatro-Que-São-Um e, deixá-los como coadjuvantes, só aumenta o mistério. Então, quando já estamos preparados para outro episódio de vingança sangrenta desse circo bizarro, com os párias que eles encontram pelo caminho, a origem do Psycho Circus é jogada na nossa cara, fazendo uma reviravolta.

Arte e texto funcionam em total sintonia. Não gosto do traço do Angel Medina: é estilizado, distorcido, cheio de hachuras, exagerado e brutal! Mesmo não curtindo, é impossível negar que funciona com o trabalho de Holguin e que Medina tem momentos geniais em alguns trechos. Totalmente consciente do meio em que está, cria páginas que exploram muito bem as possibilidades narrativas de uma história em quadrinhos. Estava com saudade de ler uma HQ que se assume como tal e foge da pedante narrativa cinematográfica, tão em voga hoje em dia…

E outro elemento me chamou (e muito) a atenção nessa releitura: o letreiramento de Lilian Mitsunaga. Ela é uma referência e a maior letrista de quadrinhos do Brasil. O que fez – nessa minissérie – é simplesmente arrebatador. A escolha de fontes, o trabalho de cor, todos os detalhes pensados para dar uma voz sem igual para cada personagem… simplesmente genial! Com um design incrível, mostra como um quadrinho pode ser único. E ajuda a construir aquela HQ que se assume como tal, sem a menor vergonha!

Se roteiro e arte não funcionassem, só o trabalho da Lilian já justificaria a leitura de Psycho Circus.

Enfim…

Despretensiosa e extremamente competente, Kiss: Psycho Circus foi uma grata surpresa! Aposto que boa parte dos leitores atuais vai torcer o nariz, mas eu me diverti demais!