Resenha

25 anos de Image Comics: The Authority

servido por: Vitor Leobons

Em um texto publicado junto com a primeira edição de The Authority, lançada aqui no Brasil, Grant Morrison diz que é ali que a tempestade começa.

E o escocês não poderia estar mais certo!

The Authority é a evolução do trabalho de Warren Ellis com o título Stormwatch e é o ponto de virada da Image Comics.

Mas… preciso abrir um parêntese aqui: eu considero que The Authority é um dos títulos mais importantes da Image Comics e um ponto de virada significativo para a mesma, só que não saiu com o selo da editora na capa.

Levou apenas o selo da WildStorm… que sempre foi publicada pela Image Comics.

E, como disse antes: The Authority é uma evolução do que Ellis fez em Stormwatch, HQ que era publicada pela Image Comics.

E como a WildStorm foi comprada no mesmo ano em que o título começou a ser publicado, veio a minha confusão…

The Authority chegou a ser publicado pela Image Comics?

Não consegui descobrir. Mas, mesmo que não tenha sido, é a continuação direta de um título clássico da editora… então, eu acho que vale, sim, a série estar na celebração dos 25 anos da Image Comics!

É isso! Fim dos parênteses…

Ellis projetou um supergrupo que alfinetava todos os outros que existiram antes… ao mesmo tempo que injetava novo gás ao gênero.

Não é exagero dizer: boa parte do material – que veio depois – tem influência dessa série.

A Liga da Justiça, de Grant Morrison… e, na sequência, a fase do Mark Waid no mesmo título.

Ultimate X-Men, do Mark Millar, e – principalmente – o título de maior sucesso do selo: Os Supremos.

Enfim…

Posso passar o dia inteiro assim, listando quadrinhos em que podemos encontrar a influência do supergrupo de Ellis.

E, além da maneira que reverberou na indústria, é interessante notar como Ellis abordou – de forma tão natural – questões importantes: personagens femininas fortes, independentes e em posição de liderança; a diversidade de gêneros; e a homossexualidade.

Levantou e esfregou – na cara dos fanboys – várias bandeiras! E todos engoliram… sem nem perceber!

Jenny Sparks, Rapina, a Engenheira, Jack Hawksmoor e o casal Apolo e Meia-Noite enfrentavam vilões de nível apocalíptico, em roteiros que tinham um ritmo insano.

E ilustrados por Bryan Hitch. Ele explora um estilo widescreen, pouco utilizado até então… que virou moda (e regra) depois.

A Panini Comics relançou esse material recentemente. Tanto a fase completa da dupla Ellis/Hitch, quanto a seguinte, escrita por Mark Millar, após a compra da WildStorm pela DC.

Ellis e Hitch nos deram escapismo, revolução e super-heroísmo em 4K.

É para ser relembrado e lido sempre!

Millar, acompanhado de Frank Quitely e outros ilustradores, talvez ciente de que era impossível superar o que a dupla anterior fez, segue por outro caminho. Aposta na ironia, na sátira e na crítica política/social.

É uma visão completamente diferente dos personagens… o primeiro arco daria um filmaço de ação, com Millar alfinetando a Marvel e a política mundial, ótimos diálogos e as cenas chocantes pelas quais o autor ficou bastante conhecido depois… foi uma história em quadrinhos polêmica para a época. E que sofreu muita censura interna na DC Comics.

Mas é um excelente ponto de virada no que Ellis deixou e um ótimo recomeço para os personagens.

Depois, é ladeira abaixo… com os bastidores da série recheados de problemas, censuras e atrasos.

Enfim…

Após a fase escrita por Millar, os personagens nunca mais brilharam. Tornaram-se versões genéricas e uma pífia sátira de quem, um dia, foram…

Uma pena.

Mas, no final das contas, os personagens conseguiram o que queriam: eles mudaram o mundo (dos quadrinhos, mas alteraram).