The Cult: puro rock and roll
Surgiu nos anos 80 e é uma das bandas mais importantes do rock. Na recente passagem pela América Latina, Ian Astbury (voz) e Billy Duffy (guitarra) demonstraram que continuam poderosos no palco. Acompanhados de músicos afiados como John Tempesta (bateria), Damon Fox (teclado e guitarra) e Grant Fitzpatrick (baixo), o The Cult coloca qualquer exemplo da nova geração no bolso, quando o assunto é tocar ao vivo. No Bar Opinião, em Porto Alegre, não foi diferente.
A banda britânica não mudou muito o setlist da atual turnê, que visitou a América Latina. O pré-show tem músicas do The Doors e, quando as luzes baixam, lá vem a guitarra de Billy e o vocal estonteante de Ian para abrir os trabalhos com “Wild Flower”. A sequência é matadora com o hit “Rain”, a nova “Dark Energy”, “Peace Dog”, a sexy “Lil’ Devil” e a clássica – do primeiro disco – “Nirvana”. A cada canção executada pelo quinteto, o público – no Opinião lotado – pula, canta e vibra junto. Incrível como Billy Duffy é um legítimo discípulo de Keith Richards e Pete Townshend, tanto na performance no palco como na maneira de tocar.
Se Ian Astbury é responsável pela parte mais emotiva e carismática do The Cult, é Duffy quem garante uma sonoridade própria à banda, com riffs empolgantes e um senso melódico incrível. É das guitarras dele que nascem as canções, que ganham ares de clássicos na voz de Ian. Ambos são artigos raros, dos últimos exemplares de uma química do rock quase em extinção: o duo sexy singer / mystic guitar man. Eles tiveram brigas no passado (inclusive o fim do grupo foi aqui, no Brasil, após uma turnê em 1994), mas parecem – definitivamente – reconciliados, para alegria dos fãs.
O show continua com as emocionantes “Birds of Paradise”, “Deeply Ordered Chaos” (esta canção foi composta logo após o atentado no Bataclan, em Paris) e “The Phoenix”. Logo em seguida, vem a pedrada sonora chamada “Rise”. Sobra pouco tempo para tomar fôlego. Ian, Billy e a banda estão sem freios e o trio final é espetacular: “Sweet Soul Sister”, “She Sells Sanctuary” e “Fire Woman”. Visivelmente entusiasmado com o público gaúcho/brasileiro, Ian Astbury pula e está falante. Após ter o nome cantado em coro, ele brinca:
“Eu mudei meu nome… agora me chamo Eisenbahn.”
(um trocadilho com a marca de cerveja vendida no local do show)
Ainda houve tempo para singelas homenagens ao cantor Chris Cornell e ao ator Harry Dean Stanton, falecidos recentemente. No bis, “King Contrary Man” e a fantástica “Love Removal Machine”. Ao final do show, The Cult e plateia em êxtase, unidos na música e também pela paixão por uma banda, que se não vem fazendo grande álbuns nos últimos anos, possui uma das maiores e melhores coleções de hits que se tem notícia… e é implacável quando está no palco. Um verdadeiro cult ao rock.
Cinco discos para entender o The Cult:
Love (1985)
Eletric (1987)
Sonic Temple (1989)
Ceremony (1991)
Beyond Good and Evil (2001)