Amarelo é a cor
Fiz uma breve pesquisa sobre a campanha Setembro Amarelo… e o porquê da cor. Mas a opção em si é o que menos importa. No mundo, oitocentos mil indivíduos morrem – todo ano – por meio do suicídio. Os mais acometidos são pessoas de idade, no geral, desgostosas da vida; mas também pela perda de entes queridos; ou ainda doenças como depressão, síndrome do pânico, bipolaridade; problemas sociais: divórcio, mudança de cidade, solidão, violências. Enfim, os motivos mais variados e extremamente particulares.
A pessoa que põe fim à vida, no geral, tem algum gatilho, algo que a sufoca e o suicídio acaba sendo considerado uma fuga, um ato de desespero. Nunca vem do nada e é quase ou absolutamente silencioso. Em muitos textos sobre o assunto, especialistas dizem que um suicida em potencial dá sinais, às vezes não tão claros, que está cogitando cometer tal atitude… lamentos variados como o supracitado “queria sumir”.
No site da campanha, tem uma série de orientações importantes sobre o assunto, inclusive como proceder em alguns casos. Mas o fundamental mesmo é informar a respeito do tema. Há também o telefone do Centro de Valorização da Vida… para pedido de socorro e apoio, ligue para o CVV no número 141.
Os dados, que chegam à Organização Mundial de Saúde, são imprecisos. Quase não debatemos esse assunto. A medição, tanto de causas quanto das consequências, não é levada à sério pela maioria dos países, exceto aqueles que tratam o tema da maneira correta (um problema de fato), como a Noruega.
Então, apesar dos índices serem altos, ainda há incertezas sobre o número exato de suicidas por país ou continente.
Existem nações que têm uma “má fama” devido à pauta e aos motivos para tal ato. Nesse sentido, cada país tem certa peculiaridade… alguns são dignos de menção.
Atualmente, o Brasil está em oitavo lugar no ranking e vem piorando – gradativamente – este índice. Segundo o G1, há um aumento médio anual de 10%, que atinge aproximadamente 11 mil suicidas no período. Seguindo a tendência mundial, no Brasil, a estatística é maior entre homens acima dos 40 anos, mas há um preocupante crescimento entre os adolescentes.
No mundo, os maiores índices de suicídio estão na Ásia, sobretudo no sudeste do continente, como – por exemplo – Japão e Coreia do Sul. Mas estes fogem à regra das nações desenvolvidas ou subdesenvolvidas: no mundo, 70% dos suicidas vivem em países pobres.
Do total, só 28 nações têm planos de prevenção ao suicídio.
Em muitos lugares, o suicídio mata mais que AIDS, câncer e acidentes de trânsito.
Voltando às estatísticas de Japão e Coreia do Sul, ambos têm um conhecido histórico de casos ante quase todas as faixas etárias. Existe uma estimativa de 28 mortes em cada 100 mil coreanos, índice muito maior que no Reino Unido (proporcionalmente: seis suicídios). O problema dos gigantes econômicos asiáticos pode ser ainda pior, já que, como fora citado, há imprecisão nos dados, por mais incrível que isso pareça. De uma forma geral, as causas são desconhecidas. No Japão, a longevidade e o abandono dos filhos podem ser possibilidades no caso de idosos.
O grande problema, no caso do japonês que tira a própria vida, é que essa adversidade só vai ser descoberta muito tempo depois. Por exemplo, uma reportagem da BBC Brasil relata o drama de um homem, que cometeu suicídio numa estação de trem japonesa: o senhor, de 71 anos, encharcou-se com um líquido inflamável – sempre preocupado em se manter afastado para não ferir outras pessoas – e ateou fogo em si próprio. Ele tinha lágrimas nos olhos, diziam testemunhas. “O que faz pacatos idosos se matarem?”, questiona o texto. Nessa situação, foi o abandono dos filhos.
Fatos como esse têm se tornado cena cada vez mais corriqueira na sociedade japonesa… os pais já não são mais tão bem cuidados como outrora.
Na faixa etária (média) dos quarenta anos, problemas emocionais, pressões sociais e estresse levam – principalmente homens – ao suicídio. Mas o índice mais preocupante no Japão é o caso infantil: alto, sobretudo nos primeiros dias de aula. O rigor e a disciplina, presentes no modo de vida japonês, levam crianças e adolescentes japoneses a este triste desfecho.
A Noruega que, historicamente, tem altos índices desse tipo de morte, vem encabeçando os rankings de desenvolvimento humano e de medições de felicidade, mas – paradoxalmente – também era do top 5 em suicídios.
Era. Como fora citado no início deste texto, todos os países têm o respectivo motivo para estar no ranking de suicídio… e com a Noruega não é diferente. Por lá, o tema ainda é um problema, mas – gradativamente – campanhas vêm ajudando a tirar o país desta sombria estatística.
Dias escuros, com poucas horas de luz do sol, somados a invernos rigorosos (e longos), não permitem uma convivência normal com outras pessoas: limitam a vida social, forçando quadros de depressão e outros transtornos psicológicos.
De acordo com a agência estatal norueguesa, o país nórdico chegou a ter 16 suicidas em cada 100 mil habitantes. Atualmente, ainda tem um índice alto, parecido com o do Brasil: 10,9 mortos. Mas, hoje em dia, enquadra-se na média europeia, o que é considerado um avanço, mesmo sendo o dobro da segunda maior causa: acidentes de trânsito.
Voltando ao Setembro Amarelo no Brasil, baseando-se no exemplo norueguês, há um movimento da sociedade civil para fomentar a discussão do problema e trazer acesso à uma informação adequada. É importante que o doente receba apoio prévio, sobretudo pacientes com transtornos psiquiátricos mais graves, como depressão profunda.
Num primeiro momento, falar sobre o assunto, divulgá-lo, já permite que muitas pessoas fiquem atentas aos sinais do suicida em potencial.
Discutir esse assunto nos leva a tentar entender ou “empatizar” com aquela pessoa, que sofreu uma grande perda familiar, um trauma de infância, deprimida ou bipolar. Aprofundar a questão nos auxilia a perceber que essas doenças são sérias: a depressão pode ter graves consequências, inclusive a morte.
Ao pesquisar o tema, notamos que a prevenção – no âmbito da saúde – é fundamental… e diagnosticar esse problema, o caminho mais fácil para a cura.
Cuidar da saúde mental é de fundamental importância. Muitos acham que depressão é besteira, frescura, “falta de enxada”.
Não seja rude ou indelicado, saúde mental é crucial para termos uma vida plena e feliz. Não julgue, ajude.
Viva o Setembro Amarelo.