Gibizão da porra!
Gibi foi o nome de uma revista lançada no Brasil em 1939 e é por conta dela que o termo acabou se tornando sinônimo de revistas em quadrinhos.
Na época gibi significava moleque. E a associação com os quadrinhos era interessante pois deixava claro o lado despretensioso, divertido e inocente das HQs…
Mas os tempos mudaram. E as revistinhas cresceram. E adjetivos como despretensioso, divertido e inocente são meio difíceis de serem usados para classificar os quadrinhos hoje em dia…
Quadrinhos se tornaram adultos…
Não que isso seja ruim, não me entenda mal! Mas sinto falta de ler um gibi despretensioso e divertido, daqueles que faz você rir, você ficar tenso, se empolgar, não está nem aí para verossimilhança e lógica… daqueles que são escapismo puro e simples…
E Power People se encaixa com louvor em todas essas características!
Enrolação né? Mas finalmente cheguei onde queria!
Enfim…
Lançado ano passado pela SESI-SP Editora, Power People é um conceito interessantíssimo desenvolvido por Marcelo Campos e Otávio Cariello. Partindo da premissa “pessoas superpoderosas vivendo vidas normais” os criadores desenvolveram todo um universo para ajudar a contar a história que queriam. E não só para os personagens, mas toda uma história editorial com diversas publicações, mudança de editora e escolhas criativas polêmicas.
É um exercício criativo gigantesco e genial, que resulta em um material rico para cacete.
O roteiro é redondinho! Explora e desenvolve muito bem seus personagens e as relações entre eles. Você entende as relações entre eles, se importa e torce pelos protagonistas!
E os desenhos de Pietro Antognioni são lindos. Dão um tom independente que conversa totalmente com o período que a história teria sido publicada.
E é interessante entender o contexto em que a história foi supostamente publicada e impossível fazer uma analogia com os mutantes da Marvel. Power People mostra o legado dos superpoderes sobre os herdeiros dos superpoderosos e como nem todos são fortes ou preparados para suportar o peso do legado.
Como todo bom quadrinho do gênero super, a edição levanta uma série de questões e problematizações. E poderia ficar horas aqui discutindo sobre elas… só que mais importante é entender a grande homenagem que o projeto representa ao gênero. Power People é no final das contas uma história sobre as histórias em quadrinhos de super-heróis e seu legado.
P.S.: Marc Champs foi uma piada genial!
P.S.: todo o “material extra” é divertido para cacete e essencial para criar a experiência de um quadrinho sobre quadrinho.