Encontros

O chaveiro de Ruy Castro

servido por: Leonardo Cohen

A tradição do Café Lamas é inigualável. Logo ao chegar no restaurante centenário, reconheci um rosto. Sou bom fisionomista. Sentado ao lado da mulher, e na minha frente, estava o escritor Ruy Castro.

Ele comeu bem, pagou a conta e, antes de ir embora, o abordei.

– Sou um fã e saudações rubro-negras.

Ele gostou e sorriu. Eu ainda estava vestido com uma camisa do Mengão.

– Obrigado. Vou lhe mostrar um negócio.

Mexeu no bolso e puxou um molho de chaves. Entre os chaveiros, um com o escudo do Flamengo. Atrás, a inscrição: tricampeão 1953-1954-1955. Esse time tinha um plantel invejável… Evaristo, Zagallo e Dida, maior ídolo de Zico. Naquele tempo, vencer o campeonato carioca era algo fantástico.

Ele mostrou a relíquia com orgulho. Com certeza, faz parte das memórias afetivas e infantis.

– Guardo comigo há 50 anos.

– Sensacional.

Aproveitei o embalo e emendei:

– Assim como o senhor, sou apaixonado pelo Rio antigo.

Antes de sair, Ruy Castro soltou a frase definitiva:

– O passado tem todas as respostas.