Rumo à Guerra Infinita

Vingadores: Era de Ultron

servido por: Vitor Leobons

O filme que todos queriam odiar!

Essa talvez seja uma boa definição para Vingadores: Era de Ultron…

A sequência de Os Vingadores chegou num cenário muito diferente do que o filme de 2012.

O anúncio do projeto da Warner Bros./DC Entertainment tinha deixado os fãs divididos, entre os que apoiavam a proposta “adulta” do Universo DC nos cinemas e os que preferiam a abordagem “fábrica de bolo” da Marvel…

E, simultaneamente, Era de Ultron tinha mais responsabilidades. Era a sequência oficial do maior acontecimento cinematográfico dos filmes de super-heróis. Precisava preparar o terreno para a grande trama envolvendo Thanos – e as Joias do Infinito – caminhar. Ao mesmo tempo que apresentaria novos personagens. E ainda deveria ser uma aventura independente o bastante, funcionando isolada para o espectador casual…

Vamos lá!

O filme tem problemas! E muitos deles vêm da divulgação e expectativa do próprio estúdio com o longa.

A divulgação entregou boa parte das cenas mais empolgantes do filme…

A trama do Thor acaba destoando do resto do filme…

Viúva Negra, como a mocinha que precisa ser salva, foi um erro que poderia ter sido corrigido com uma cena simples…

O relacionamento da mesma com Banner acabou sendo uma forçada de barra desnecessária…

E o que mais me incomoda: parece faltar algo no começo do filme… sempre que assisto à Era de Ultron, tenho a impressão de que peguei a sessão já iniciada… os heróis terminaram a primeira aventura separados. Os três longas, que vieram depois, não deram nenhum indício de que o grupo ainda continuava em atividade. Mas a trama começa e eles estão lá! Todos juntos, funcionando como uma máquina perfeita.

Enfim…

Mas…

MAS…

As qualidades do filme superam – e muito – esses defeitos!

Whedon nos deu um dos roteiros mais bem amarrados dos filmes da Marvel! Temos cinco novos personagens apresentados, todos de forma convincente. Menção à Wakanda, que remete diretamente ao Pantera Negra, que só apareceria dois filmes adiante. Deixa o clima pronto para a ruptura da equipe, que aconteceria logo depois.

O diretor e roteirista consegue ligar as Joias do Infinito com a origem de dois personagens… mais a entrada da Feiticeira Escarlate e do Mercúrio no grupo. E ainda desenvolvendo um puta estudo sobre o que é ser super-herói! Tudo que acontece no filme gira em torno do tema. As atitudes do Stark; a resposta do Capitão a esse comportamento; a reação dos gêmeos ao descobrirem as reais intenções de Ultron; os heróis, mais preocupados em salvar pessoas do que brigar com o vilão; e Visão levantando o martelo do Thor numa cena surpreendente, que fez o público vibrar em todas as sessões em que estive presente.

A cena dos heróis tentando levantar o Mjölnir, antes da chegada de Ultron, é um detalhe que parece despretensioso, mas dá toda uma coerência ao que Joss Whedon pareceu ter vontade de dizer com esse filme.

A importância do Gavião Arqueiro – para manter a equipe unida – é mais uma engrenagem importante nessa questão! O humano entre os “deuses” é o que mais entende a responsabilidade de ser um herói… posso ficar horas falando sobre…

Inclusive a importância dada a Clint – nesse segundo longa – corrige um dos poucos erros do primeiro filme.

E tudo isso embalado por uma cinematografia que reproduz a linguagem dos quadrinhos de super-heróis como poucos filmes conseguiram fazer. A splash page dos heróis unidos no começo do filme, além da outra com todos reunidos contra o exército de Ultrons na capela, são apenas exemplos de uma representação perfeita da narrativa dos comics estadunidenses em película!

Eu, sinceramente, acho que Joss Whedon não apenas acertou – de novo – nessa sequência, como foi além! Pena que a relação com o estúdio se desgastou e o criador de Buffy, a Caça-Vampiros, não vai voltar para os filmes seguintes do grupo…

Não consigo parar de pensar no que aprontaria. Mas, na saída, ele encerra com chave de ouro! E os fãs deveriam agradecer o que Whedon fez nos dois filmes dos maiores heróis do mundo.