Robin Williams por Ronald Johnston

O ator Robin Williams foi encontrado morto na segunda-feira, dia 11 de agosto.
Agora, todo mundo é super-hiper-mega-ultra-blaster fã, quiçá amigo ou quase um familiar do Robin Williams. Os filmes dele eram os melhores e blá, blá, blá… ele era um gênio indomável que foi parado pelas drogas e blá, blá, blá… gente que nunca viu um filme dele vai dizer que está com saudade e blá, blá, blá…
O que ocorreu foi: aos 63 anos, morreu Robin Williams, um excelente ator.
O rótulo de fã é relativo. Não conhecia a pessoa, conhecia o ator. Sabia apenas que convivia com graves problemas emocionais, desde drogas até divórcios. Mas sou fã da forma como ele se entregava a cada personagem (engraçado, humano, etc.), isso com certeza!!
Por isso estou chateado, pela partida trágica desse ator incrível. Fico ainda mais triste por saber que ele não conseguiu, não teve força para combater essa doença. Motivos? Agora é desnecessário listá-los. Justos? Não sei e não cabe a esse indivíduo aqui julgá-los. Mas a morte de Robin Williams chama a atenção para uma doença silenciosa. A depressão é muito incômoda. Quem poderia imaginar que, por trás daquele sorriso cativante, a tristeza venceria?
Williams estava enfrentando uma forte depressão. Vencedor do Oscar de ator coadjuvante por “Gênio Indomável” (1997), ele se internou, no mês passado, em uma clínica de reabilitação. Ele estava em um setor da Hazelden – Addiction Treatment Center, em Minnesota, que possui um programa focado em manter a sobriedade por longo prazo (Robin Williams lutou contra o vício em cocaína e álcool por décadas). Em 2006, ele já havia ingressado voluntariamente em uma clínica para tratar o alcoolismo, depois de uma recaída após 20 anos de sobriedade.
Apesar da capacidade de provocar gargalhadas em divertidas interpretações (mais de 60 filmes no currículo), Williams também era lembrado quando o assunto era o obscuro episódio ocorrido em março de 1982, quando o amigo John Belushi foi encontrado morto devido a uma overdose de cocaína e heroína (speedball, uma injeção combinada das duas drogas), aos 33 anos, em um apartamento em Los Angeles. Na noite em que Belushi morreu, ele foi visitado por vários amigos, incluindo Robin Williams e Robert De Niro.
Adendo:
Dois meses depois, Cathy Smith, uma ex-groupie da banda de Belushi, admitiu (no National Enquirer) que ela havia sido a responsável pela injeção fatal de speedball. A tal banda é nada mais, nada menos que The Blues Brothers. Fundada por John Belushi e Dan Aykroyd, em 1978, The Blues Brothers reunia respeitáveis músicos de rhythm & blues, além, é claro, de Jake e Elwood Blues (respectivamente: John e Dan). Originalmente criada apenas para um quadro no Saturday Night Live (programa de televisão), a banda acabou gravando um álbum chamado Briefcase Full Of Blues (1978). Embalados pelo sucesso, seguiram fazendo shows e lançando discos, até a morte de Belushi. Integrante da primeira formação do SNL, na década de 70, ele ficou conhecido por um estilo ousado e um humor atrevido. Irmão do também ator James Belushi.
Robin Williams desfrutou de enorme sucesso em Hollywood, mas teve uma turbulenta vida pessoal, lutando contra problemas de saúde, alcoolismo e encarando dois divórcios. Estava casado com Susan Schneider desde outubro de 2011. Os dois se conheceram em 2009. Anteriormente, ele foi casado com Valerie Velardi, com quem teve Zachary; e Marsha Garces, de quem se divorciou em 2008 depois de dois filhos, Zelda e Cody.
Nascido em 21 de julho de 1951, em Chicago, Robin McLaurin Williams se mudou, ainda criança (com a família), para San Francisco. Ele estudou na prestigiada Juilliard, em New York.
Enquanto não conseguia emprego como ator dramático, Robin Williams desenvolveu o lado comediante em pequenas improvisações de stand up. Mudou-se para Los Angeles e fez números de comédia em clubes. Nessa época, também conseguiu emplacar as primeiras aparições em programas de TV.
O primeiro papel no cinema foi em “Popeye” (1980), de Robert Altman, que não foi bem recebido pela crítica. Mas Robin Williams se entrega de corpo, alma e espinafre ao marinheiro, um personagem clássico dos quadrinhos, dos cartoons… da vida! Vale a pena destacar a Olívia Palito vivida por Shelley Duvall.
O sucesso de crítica veio com “Good Morning, Vietnam” (“Bom Dia, Vietnã”), de 1987, onde interpretava o locutor de uma rádio para as tropas norte-americanas durante a guerra (no país asiático, óbvio!!). Foi a primeira vez que o ator mostrou o talento para transitar do drama à comédia.
Mas bem antes disso, já se destacava. Em “O Mundo Segundo Garp” (The World According To Garp – 1982), por exemplo.
Mas tem um que é especial. Sou fã da estória (assim mesmo, com essa grafia!!), sou fã do filme. Em “AS AVENTURAS DO BARÃO DE MUNCHAUSEN” (1988) – sim, maiúsculo! –, o ator tem uma pequena participação, mas marcante. Quando a cabeça do Rei da Lua se separa do corpo (sim, isso é algo normal para o rei e a rainha), o tarado desaparece (além disso, ele odeia o Barão por um affair com a Rainha – sem a cabeça, ele esquece) e assume outra personalidade, mais “cabeça”.
Inicialmente, o papel do Rei da Lua ficaria com Sean Connery, mas, como diminuíram sensivelmente a participação do personagem no roteiro, ainda antes do início das filmagens, Connery desistiu e abriu espaço para a contratação de Robin Williams (creditado como Ray D. Tutto).
Nasci exatamente no ano em que “Popeye” foi lançado, 1980. O excelente “Gooooooooooooood Mooooooooooooorning, Vietnaaaaaaaaaaaaammm” conheci já bem mais velho. Barão de Munchausen, esse foi no cinema. Tinha um tio que adorava a estória e acabou me contaminando. Mas, apesar de adorar a loucura do personagem interpretado por Robin Williams, só fui perceber que era ele o ator muito tempo depois. Então posso garantir que o Professor Keating, Peter Pan e a Mrs. Doubtfire foram as minhas primeiras experiências com Williams.
“O Captain! My Captain!”
“SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS” (1989), assim mesmo em maiúsculo! Difícil segurar as lágrimas no final deste filme, quando os alunos sobem nas cadeiras para homenagear o professor. Robin Williams impecável e indicado ao Oscar.
“Dead Poets Society” foi, é e sempre será daqueles filmes avassaladores. Mexeu com uma geração inteira, questionou o verdadeiro valor da vida (e como vivê-la). E boa parte do mérito se deve à atuação espetacular de Robin Williams.
Em 1991, fomos apresentados oficialmente. Ou você acha que um menino de 09 anos tem maturidade para entender o filme mencionado acima?? E foi no cinema!! Peter Pan sempre foi (e ainda é) minha estória predileta.
O menino que se recusa a crescer… era bem isso que Robin Williams talvez fosse.
Além disso, temos que creditar metade do estrondoso sucesso de “Aladdin” (1992) à interpretação de Williams, que dá vida ao gênio da lâmpada.
Em “Uma Babá Quase Perfeita” (1993), um dos maiores sucessos de bilheteria do ator. Mrs. Doubtfire!! No filme, ele interpreta um ator que se disfarça como uma babá idosa para se aproximar dos filhos. Do sofrimento do pai ao humor ácido da coroa… sensacional!!
Poucos transitavam tão bem entre comédia e drama. E apesar do destaque como comediante, ele também teve sucessos que comoveram grandes plateias.
Robin Williams ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante em Gênio Indomável (1997), um drama independente. Na boa?? Atuação honesta em um filme bem mais ou menos. Roteiro bobo, previsível… mas o que esperar de Ben Affleck e Matt Damon??
Em 1998, sim!! Babo por esses dois dramas!! “PATCH ADAMS – O AMOR É CONTAGIOSO” e “AMOR ALÉM DA VIDA” (sim, maiúsculo novamente… merecido!!). O primeiro, uma história verídica, mas que Williams imprimiu uma sensibilidade absurda. Chorei com essa interpretação em vários momentos durante o filme. “What Dreams May Come”, esse eu chorei o filme inteiro!! Apesar de arrasar nas comédias, ironicamente, para mim, o trabalho mais marcante dele é esse. Típico filme que eu recomendo para todo mundo (mesmo!!). Aula de atuação, aula de direção de arte. O personagem é tão determinado, beirando à teimosia, que o sofrimento, imposto ao Chris (nome dele no filme), se transforma em algo esplêndido no fim. Posso ficar analisando durante horas… então vamos seguir e, se você não assistiu, assista!! Assistiu?? Assista de novo!!
Bom, tem tantas interpretações… mencionaria filmes e mais filmes. “O Homem Bicentenário”, “Jack”, “Desconstruindo Harry”, “Jumanji”, a dublagem de “Happy Feet”, etc.
Cada um tem um filme favorito, apesar de alguns serem recorrentes.
Ganhou o Oscar como melhor ator coadjuvante e foi indicado como melhor ator outras vezes. Globo de Ouro? Foram 03 prêmios de melhor ator em filme de comédia ou musical.
Apesar da experiência como comediante nos palcos, rejeitou várias vezes apresentar o Oscar sozinho (apresentou apenas uma vez com Alan Alda e Jane Fonda em 1983).
O ator chegou a fazer um espetáculo na Broadway, que foi transformado no DVD “Robin Williams: Live On Broadway”, em 2002.
E, mesmo assim, ele desistiu.
Robin Williams foi um marinheiro, um médico, um gênio, uma babá, um robô, um presidente, um professor… e muito mais. Mas, ao mesmo tempo, ele era único!
Ele me fez rir. Ele me fez chorar.
A missão de fazer a vida alheia mais feliz, mais esperançosa, mais colorida.
Robin Williams fez do mundo um lugar um pouco melhor.
Por isso a perda repentina é trágica. Nesse momento, lembro do John Candy.
Que o foco não seja a morte, mas os inúmeros momentos de alegria e riso que ele proporcionou a milhões de pessoas.
Encontre os Campos Elísios…
“O Captain! My Captain!”
Descanse em paz…
“Só nos é dada uma pequena dose de loucura. Você não deve perdê-la.”
(“You’re only given a little spark of madness. You mustn’t lose it.”)
Robin Williams