Eleições

Rede Globo, em quem eu devo votar??

servido por: Ronald Johnston

Começo afirmando que não temos orientação política aqui no Shots. Cada um vota em quem quiser, defende quem quiser. E cada um tem total de liberdade de falar mal de qualquer candidato, desde que tenha provas para justificar o ataque.

Por quê? Porque somos uma democracia. Porque, neste espaço, podemos expressar ideias, raciocínios e até teorias da conspiração.

Mas isso não acontece nas Organizações Globo. E, francamente, não é de hoje!!

Debate Lula x Collor, 13.12.1989.

A Rede Globo foi acusada de ter favorecido o candidato do PRN, tanto na seleção dos melhores momentos como no tempo dado a cada candidato, já que Fernando Collor teve um minuto e meio a mais do que o adversário.

Mas o episódio provocou um dano à imagem da TV Globo. Por isso, hoje, a emissora adota como norma não editar debates políticos.

Age de outro modo, adota outro estilo.

O que vimos na segunda-feira foi uma ofensiva declarada.

Sim, sou jornalista e (minha opinião) devemos questionar tudo e todos, sem a preocupação com o futuro (como fazer inimigos ou deixar de ter as “famosas” exclusivas – isso acontece).

Então, se tivesse a oportunidade, questionaria Dilma Rousseff sobre tudo de errado que acontece no atual mandato. Sem receio. Mas a atual presidente teria a oportunidade (e o direito) de responder às questões.

O que vi, na segunda-feira, foi uma candidata à presidência ser massacrada… parecia que um pelotão de fuzilamento iria executá-la a qualquer instante.

William Bonner fazia introduções longuíssimas, quase um justiceiro do povo. Foi agressivo além da razão. Encarnou um personagem e deixou o jornalista de lado.

Quando a palavra corrupção é usada SETE vezes já na primeira pergunta, tem como esconder que a suposta entrevista é guerra declarada??

Após a entrevista, reparei, nas redes sociais, muitos posts comentando a falta de preparo de Dilma para responder as perguntas.

Faça um exercício e tente organizar suas ideias diante de uma situação de estresse intenso. É impossível, você se enrola, titubeia, não sai convincente.

Bonner é macaco velho. Sabe disso. Recebe direcionamento da cúpula da emissora e executa. Não está nem aí para a população. Só está preocupado em dar retorno para a empresa.

E, dessa vez, Dilma foi a prejudicada. Não estou dizendo que ela é vítima, por favor! Estou aqui analisando a manipulação. Ou seja, um candidato está escolhido… aquele que vai favorecer os interesses da TV Globo. Aquele que, em troca, vai abrir as pernas, como muitos já fizeram, fazem e ainda farão.

Lógico, é um império da comunicação fortíssimo. E quem quer atingir outro patamar, se rende, se vende, se entrega. E isso acontece no futebol, na política, na vida.

Mas, na segunda-feira, foi algo muito exagerado.

Parece desespero, já que a candidata lidera as pesquisas de intenção de voto. “Temos que derrubá-la de qualquer jeito!”, não duvido que essa afirmação tenha ecoado várias vezes pelos corredores de lá.

O jornalista Ewaldo Arruda Oliveira publicou esta análise no Facebook. Uma visão diferente do que foi a entrevista. Tire sua própria conclusão:

Clinicando a entrevista de Dilma ao JN – 18.08.2014
(Não seja preguiçoso. Perdi uma hora fazendo isso. Você vai perder 05 minutos)

Bonner zera o cronômetro. Faz um leque de afirmações sobre corrupção no governo que dura 40 segundos. Acrescenta uma pergunta de 27 segundos. Total = 01min07seg.

Dilma fala por 01min22seg (15 segundos a mais que o entrevistador) e repele a primeira tentativa de interrupção.

A candidata consegue falar mais 13 segundos, até a interrupção no meio de um raciocínio.

O entrevistador faz nova pergunta de 41seg – sem ser interrompido.

A candidata consegue falar mais 22seg até nova tentativa de interrupção (ou seja, o entrevistador está propondo, na média, 02seg de pergunta para cada 01seg de resposta).

Candidata repele o assalto e consegue manter-se respondendo por mais 43seg. Até aqui, Bonner falou 01min48seg e a candidata, 02min40seg – e foi interrompida 03 vezes.

Bonner faz nova pergunta de 42seg. Em menos de 32seg de resposta, ele interrompe Dilma mais uma vez. Ela resiste e consegue manter uma resposta de mais 11seg, (interrompida) e mais um trecho de 20seg. Bonner roubou seis segundos em interrupções do total de 1min03seg da resposta – para a pergunta, lembre-se, que durou 42seg (neste intervalo, o entrevistador não cede sequer 01seg e meio de resposta para cada segundo de pergunta).

Bonner faz nova pergunta de 07 segundos e Dilma dispõe de 17seg para resposta, até ser interrompida pela Poeta.

A jornalista faz uma pergunta de 20 segundos.

O público consegue ouvir 1min54seg da resposta da entrevistada até a primeira tentativa de interrupção. O público consegue ouvir mais 09 segundos. Pela primeira vez em quase 10 minutos de entrevista, a candidata conseguiu dar uma resposta de 02min03seg.

Poeta faz a segunda pergunta dela, de 21 segundos. Dilma tenta manter o “turno conversacional” por mais 01min34seg, mas é interrompida por tentativas de “assalto de turno” mais duas vezes. Neste intervalo, não conseguiu falar, em média, 30 segundos sem ser interrompida.

Bonner faz nova(s) pergunta(s) de 01m23seg, pasmem.

Aos 26seg da resposta, ela sofre nova tentativa de interrupção – o entrevistador conseguiu falar, agora, três vezes mais tempo do que a resposta do entrevistado.

Bonner faz nova interrogação de 08seg. Dilma se esforça, mas não consegue manter a resposta por mais de 38seg. Entrevistador resmunga sobre a fala da entrevistada por 19 segundos. O público não pode ir até o fim de nenhum raciocínio.

Mas a candidata insiste, conclui a resposta anterior em 06 segundos.

Bonner faz pergunta de 03 segundos (Quais seus projetos prioritários?).

Dilma consegue manter o discurso por 35 segundos.

Resultado: entrevistadores usaram 04min58seg + 19seg embaralhando a resposta da entrevistada com frases sobrepostas. TOTAL = 05min17seg.

Entrevistada conseguiu manter respostas por 09min16seg.

Conclusão: para cada 01 segundo de perguntas, o candidato tem menos de 02 segundos de resposta.

Ewaldo encerra aqui, eu continuo.

Pessoal, isso não é brincadeira! Estamos escolhendo o próximo presidente do Brasil. Ninguém vai decidir meu voto por mim, mas a maioria vai definir a eleição em outubro.

Não adianta tirar o seu da reta e dizer: “não votei no candidato que ganhou”… todos nós somos responsáveis!

A situação já está muito ruim, de verdade… mas contrariando o Tiririca, pode ficar pior, sim! E vai!!

Em vez de atacar A, B ou C, defenda um deles e mostre o porquê da escolha para os outros.

Isso é democracia!

Mas quem eu sou para falar algo tão óbvio para você? Isso você já sabe. Isso já foi dito por muitas e muitas pessoas. Por isso precisamos rever todo o sistema. “Não, não queremos!”, pode não afirmar, mas pensou. Por que sair da zona de conforto? O próximo? O próximo que se dane! É cada um por si! Um por todos e todos por mim!

E por aí vai… sabe por quê? Porque ninguém se importa!

Os candidatos, que vão ganhar muito dinheiro público nos próximos anos, não estão preocupados com você. Na verdade, não estão preparados. Não tem planejamento. Eles, nesse momento, dizem que isso é uma calúnia, difamação. Mas as promessas são sempre as mesmas. Parece um manual, já pronto, para enganar trouxas!

Nós!!

Atualmente, a campanha política ficou reduzida a ofensas e xingamentos, a mostrar o que o outro fez de errado, se roubou dinheiro público ou parecer um palhaço… ser motivo de piada, chacota no horário político, hoje em dia, é mais útil do que fazer promessas de campanha.

Enfim, isso é o brasileiro!!