P.S.: spoilers à vista! OK?

Precisei de alguns dias para processar, mas – basicamente – é a primeira coisa que me vem à cabeça ao relembrar a chegada do Negan no último episódio da sexta temporada de The Walking Dead.

BELA MERDA!

É o que venho pensando desde que os créditos subiram, com o som do beijo de Lucille esmagando o cérebro de um dos mocinhos…

Mais uma vez, a dupla Grimple/Kirkman apela para um gancho chocante pra gerar hype e deixar os fãs comentando até o próximo episódio. Essa sexta temporada foi recheada dessas pegadinhas. A “morte” do Glenn, o misterioso pedido de socorro pelo rádio, o tiro em Daryl, o sequestro da Maggie e Carol… questões que deixaram o suspense lá em cima para serem respondidas de forma rápida, previsível e sem graça.

A primeira parte da temporada teve tantos erros quanto acertos, mas a segunda parte parecia se redimir lindamente! Episódios muito bem dirigidos, encontrando um tom certo para dar voz e espaço a cada um dos personagens. Os atores cada vez mais à vontade e defendendo – com gosto – os papéis… e a tênue linha entre quadrinhos e série de TV sendo mantida. Respeitando diversos eventos importantes das HQs, mas encontrando formas surpreendentes para eles acontecerem. A flechada no olho, a mordida de Eugene, a batalha por Alexandria, Rick decepando a mão de Jessie, o tiro no rosto do Carl.

Tudo estava indo muito bem!

E aí, a Denise morreu e as coisas degringolaram totalmente…

Chegamos ao final da temporada com um gancho empolgante…

Apesar de equivocado como um todo, o final do penúltimo episódio foi foda…

E aí, novamente, Grimple e a gangue dele pisam na bola com os fãs e despencam – miseravelmente – da montanha de expectativas que criaram.

A fórmula do gancho empolgante no final do episódio já está cansando e usar o mesmo recurso no último da temporada é de uma falta de bom senso sem tamanho.

O terror, criado ao longo de todo o episódio, foi sufocante. E Andrew Lincoln foi um dos grandes responsáveis por fazer os espectadores entrarem no clima… a mudança de postura é monstruosa. Saindo do líder fodão e matador para alguém que sabe que fez merda e está em um beco sem saída…

Então a dupla mais esperada da temporada chegou…

E…

Enfim…

Que bela merda!

Os palavrões de Negan fizeram falta… é parte do papel! Da personalidade! Sem a boca suja, metade de quem o personagem é, vai embora…

O discurso sádico sobre quem vai receber o beijo de Lucille também não foi metade da tortura psicológica que foi na versão original…

E aí, quando temos um escolhido, somos enganados novamente e vamos ficar sem saber o que aconteceu até outubro.

Ganchos são importantes? Claro! Os finais de temporada de Lost são comentados até hoje… mas é preciso ter uma solução à altura do suspense criado, senão – simplesmente – se torna um recurso fácil e besta para criar interesse…

E os roteiristas de TWD já mostraram que não são muito bons com expectativa.

Foi corajoso? Talvez… eu ainda acho que teria sido muito mais arrojado mostrar – em todas as cores e detalhes – o assassinato e terminar com o grupo ajoelhado e sozinho naquela floresta. Ia explodir ainda mais cabeças, gerar ainda mais comentários e fazer os fãs ficarem tão enlouquecidos quanto estão agora pela volta da temporada…

Mas não! Resolveram apelar para o que já tinha sido feito antes e deixaram uma bomba-relógio monstruosa no próprio colo. Drasticamente, precisamos do fim de um personagem importante! Não vou ficar com achismos e suposições aqui… mas, definitivamente, precisamos da morte completamente gore de um protagonista marcante para funcionar e a história seguir ainda com alguma credibilidade.

Infelizmente, o episódio final jogou aquela, que poderia ser a melhor temporada de todas, lá para baixo. E conseguiu me fazer remoer os defeitos que se acumularam ao longo dos 16 capítulos… e, lamentavelmente, acaba redundante novamente e se negando a se tornar uma das melhores séries da atualidade.