Resenha

25 anos de Image Comics: Savage Dragon

servido por: Vitor Leobons

Erik Larsen deve ser um dos autores mais injustiçados nos quadrinhos estadunidenses.

Assumiu os desenhos da revista do Hulk – após a saída do Todd McFarlane – e manteve o ritmo.

Substituiu Todd outras duas vezes no Aranha e, em ambas, manteve o sucesso obtido pelo antecessor.

É parte do grupo que fundou a Image Comics, onde lançou Savage Dragon. E, mesmo sem nunca ter se tornado um blockbuster, como Spawn e Youngblood, é – talvez – a melhor série lançada nos primeiros anos da editora.

Na “Onda Image”, que tomou o mercado brasileiro no final dos anos 90, Dragon foi lançado – aqui – pela Abril Jovem em formato americano e papel couchê. Primeiro, como uma minissérie de quatro edições e, depois, como uma revista mensal, que chegou a 16 números…

E que aula de quadrinhos são essas 20 HQs! Narrativa, roteiro, diagramação de páginas, composição de cena, luz e sombra, capas… tudo serve de exemplo e merece ser estudado. É um absurdo como Larsen parece estar se divertindo imensamente e jogando com tudo que sabe e pode.

Sai de páginas intimistas para splash pages cheias de impacto… ângulos e enquadramento são usados de forma dramática e em função da narrativa, não apenas por estilo.

A edição apenas de splash pages é incrível e uma puta alfinetada em Peter David…

E ainda usa e abusa das onomatopeias, no melhor estilo Walt Simonson.

Larsen tem um traço cheio de personalidade, caricato e estilizado, que pode não agradar a todos, mas é um gibizão! E funciona muito bem na história que ele está contando…

E que história! Dragon é um grandalhão verde, com uma barbatana na cabeça, encontrado nu em um terreno abandonado de Chicago, cercado por chamas. Superforte e dotado de fator de cura, acaba entrando para a polícia e, a partir daí, a trama segue num ritmo que não deixa você respirar.

Morte, ressurreição, membros perdidos, escatologia, humor negro, muita (mas muita) violência e até um encontro com as Tartarugas Ninjas… Cada edição termina com um cenário completamente novo para o protagonista.

É o tipo de quadrinhos de super-herói escapista, maluco, despretensioso e exagerado, que é difícil encontrar nos dias de hoje… imagina naqueles anos estranhos que foram o final da década de 90!

E Dragon é fruto daqueles anos, sem a menor dúvida! Com personagens supermusculosos, violência extrema e caricata, heroínas desrespeitando a física e em trajes minúsculos, ombreiras, etc. Mas em vez de se tornar um pastiche cheio dessas características, satiriza, reinventa e sabe ser clássico ao mesmo tempo.

Eu sempre digo que é como se Jack Kirby tivesse resolvido brincar com todos os clichês do final dos anos 90, depois reencarnasse no Larsen e o resultado é Savage Dragon!

É uma série incrível!

Pena que nunca conquistou um público aqui no Brasil…