Absurdo

A fama da bandidagem

servido por: Leonardo Cohen

No Rio bandido vira celebridade. Rogério 157 não foi o primeiro, sua fama aliás fez com que policiais sorridentes tirassem fotos com ele, como tentassem obter um pouco de sua fama. Um absurdo, sem dúvida. Desde quando um traficante de drogas é exemplo para alguém?

Pois é, parece que no Rio é diferente. Rogerio 157 é o bode expiatório da vez, com certeza alguém irá substitui-lo. Agora, vários outros fora-da-lei estamparam capas de jornais, aguçaram a nossa imaginação e ultrapassaram as barreiras da criminalidade se igualando a artistas ou esportistas famosos, desde Cara de Cavalo (que inspirou Hélio Oiticica), Mané Galinha (lembra de Cidade de Deus?), passando por Fernandinho Beira Mar, Marcinho VP (livro de Caco Barcelos) ou Elias Maluco. Talvez o primeiro bandido-celebridade da história do Rio tenha sido Dr. Antônio, ou na verdade o gaúcho Arthur Antunes Maciel. Ele roubava hóspedes endinheirados nos hotéis mais caros do Rio, no fim do século 19 nos primeiros anos do século 20. Cada roubo era capa de jornal e suas “aventuras” no mundo do crime eram lidas com avidez pelos cariocas.

O curioso João do Rio escreveu várias crônicas sobre ele e um romance intitulado “Memórias de um rato de hotel.” Essa história foi parar no cinema com o filme “Muitos homens num só.”