Homem de Ferro
É inegável que um dos filmes mais esperados do ano é Vingadores: Guerra Infinita.
A culminação de 10 anos de filmes produzidos pela Marvel Studios. Um projeto que mudou a história do cinemão estadunidense, um case de inegável sucesso e intermináveis polêmicas!
Como era de se esperar, claro que vai rolar um esquenta para o filme. Estou revendo e resenhando todas as produções do estúdio presidido por Kevin Feige.
Pois bem… introdução feita, vamos ao filme que começou tudo!
Homem de Ferro.
Jon Favreau era um diretor de filmes independentes, um diretor de encomenda, sem grandes destaques e mais conhecido por ser o ex-namorado milionário da Monica em Friends. Favreau talvez seja o “herói” menos reconhecido no que o MCU se tornou.
Homem de Ferro é um filme de origem, sem grandes exageros, ciente das limitações, redondinho, com ótimas interpretações e muito bem dirigido.
Já começamos ao som de AC/DC, com um comboio militar no Afeganistão. Uma ótima cena de apresentação do protagonista, mostrando o quanto é irresponsável, despreocupado, carismático… e, com uma bomba, tudo é revirado, jogando Tony Stark em uma situação completamente sem controle.
Então, de forma inteligente, o filme volta no tempo para desenvolver melhor o herói: nos mostrar o elenco de apoio e deixar Robert Downey Jr. reinar. O trabalho de Favreau, nesse começo, é genérico, mas – ao mesmo tempo – irresistível. Os atores apresentam uma ótima química. Metralhando diálogos de forma tão natural e convincente que, quando voltamos ao momento que deixamos Stark no Afeganistão, no início do filme, já estamos conquistados.
A partir daí, o jogo já estava ganho para Favreau, Downey Jr. e Feige.
Então… deixa eu parar aqui e falar um pouquinho sobre Robert Downey Jr.!
Um ator extremamente talentoso, ganhador de um Oscar, que se perdeu para as drogas. Viu a carreira escorrer pelo ralo. Estava no limbo de Hollywood, vivendo de papéis coadjuvantes e filmes de baixo orçamento. A escolha para ser o Homem de Ferro foi, no mínimo, curiosa… e confesso que não lembro uma vírgula da reação dos fãs… enfim…
Downey agarrou Tony Stark com todas as forças e – simplesmente – se transformou no personagem… ou transformou o personagem nele… enfim… com carisma de sobra, o ator vai do humor para o terror e sabe fazer com que o público se importe com ele.
Como disse… o jogo já estava ganho. Mas o filme não desaponta e só cresce. Toda as sequências no cativeiro são tensas e claustrofóbicas. E a primeira vez que Stark usa a Mark I é memorável! Favreau e os roteiristas souberam atualizar a origem do personagem, mas – ao mesmo tempo – se manter extremamente fiel ao que Stan Lee, Larry Lieber, Jack Kirby e Don Heck fizeram naquela edição 39 de Tales of Suspense.
A volta para casa e o processo de evolução do herói são empolgantes e deliciosos. Duvido que alguém consiga passar impune à primeira cena de voo.
Como disse: Favreau sabe exatamente o que está fazendo e vai construindo o protagonista aos poucos. Sem pressa e sem necessidade de deixar as coisas prontas para desenvolver a trama principal… a aventura se desenrola de forma natural, com as peças se ajustando lentamente, um pouquinho de fan service aqui e ali. A citação ao Máquina de Combate e a apresentação da S.H.I.E.L.D., sem dúvida, colocaram um sorriso no rosto dos fãs…
É tudo legal pra cacete!
A revelação do vilão não é nem um pouco surpreendente… na verdade, o roteiro sabe disso e não se preocupa em tentar criar um suspense com essa revelação.
A sequência final é empolgante… os efeitos envelhecem muito bem. Cortesia, talvez, de uma armadura parcialmente real, construída pela empresa de Stan Winston.
A cena final deixa um ótimo gancho… pode ter feito alguns fãs – mais tradicionais – torcerem o nariz, mas é a assinatura de um projeto que soube ser respeitoso ao material de origem, aos fãs e, ao mesmo tempo, corajoso e que busca o próprio caminho.
Homem de Ferro é entretenimento de primeira. É engraçado olhar para ele, hoje, após tudo o que foi construído, e ver como todas as características do que veio depois – e marcaram o projeto –, já estavam ali… enfim… filmão!
P.S.: e como não comentar aquela cena pós-créditos? Diz a lenda que foi escrita pelo Brian Michael Bendis… e que não estava programada originalmente. Mas são alguns minutos de diálogo que mudaram tudo!