Luto

E morremos todos um pouco também…

servido por: Vitor Leobons

14 de março de 2018 vai ser duro de esquecer.

Um dia que se encerrou de forma devastadora.

Marielle Franco foi executada.

Os assassinos nem se preocuparam em disfarçar. A intenção foi clara: calar uma das vozes mais combativas do Rio de Janeiro e passar uma mensagem de terror.

Eles – de certa forma – conseguiram…

O terror bateu na nossa cara para mostrar a dura realidade de que não somos nada. A quinta vereadora mais votada de uma das capitais mais importantes do país foi assassinada…

E, com ela, morremos todos um pouco também…

Morremos por termos perdido uma pessoa importante dentro da nossa – tão frágil – democracia. Um exemplo a ser seguido. A ser ouvido. A ser duplicado.

Morremos pelo absurdo da violência que explode ao nosso redor e que estamos/somos sem condições de nos preparar e nos defender.

Morremos também pelas reações absurdas e cheias de crueldade, que gritam que “ela foi morta pelos bandidos que defendia” e outras declarações monstruosas, como dizer que ela mereceu. Morremos porque é o tipo de atitude que escancara como realmente não demos certo como sociedade.

Morreu um ser humano ímpar… e morremos todos como sociedade!

Enfim…

Em um estado sob intervenção militar, uma das relatoras da comissão, que deve acompanhar essa interferência, é brutalmente assassinada. Em um estado sob intervenção militar, uma vereadora – que denunciou a barbárie policial em um bairro do Rio – é fuzilada. Em um estado sob intervenção militar, uma das vozes que se levantou contra tal fato foi executada.

Em março de 1968, uma multidão tomou a Cinelândia para acompanhar o caixão de Edson Luís de Lima Souto. Um estudante secundarista assassinado por policiais militares, durante um confronto no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro.

50 anos depois, continuamos carregando caixões daqueles que tentam lutar contra a opressão.

Enfim…

Um dia antes de morrer, Marielle fez uma pergunta: quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?

Passei o dia pensando sobre…

No começo desse texto, falei sobre as duas intenções por trás desse assassinato… uma delas foi alcançada: estamos com medo. Mas os atos – por todo o país – mostram que, talvez, não tenham conseguido calar nada…

A escuridão está tomando conta e talvez essa seja a hora de brilhar mais forte do que nunca.