Resenha

Um ano do Renascimento da DC: Mulher-Maravilha

servido por: Vitor Leobons

Esse Renascimento da DC comemorou o primeiro ano de publicação em terras brasileiras. E, junto com essa marca, também se encerra o trabalho de Greg Rucka na revista da Mulher-Maravilha.

Aqui, eu falei sobre a primeira edição.

12 edições depois, a minha empolgação passou (pelo menos, um pouquinho)…

Uma das propostas do Renascimento era criar um novo ponto de partida para os leitores. Rucka aceitou o desafio, como poucos autores nessa iniciativa da DC, e tomou – para si – essa responsabilidade de recontar a origem dessa personagem numa forma definitiva.

Sim, estamos todos exaustos de revisões e origens definitivas. Mas, ao lembrar do trabalho anterior desse autor com a personagem, foi impossível não dar um voto de confiança.

Porém, ao terminar essa fase, a impressão que fica é de trapaça. O autor usou a “desculpa” de recontar o passado da personagem para ajudar na construção dessa trama que ele queria. No final, até funciona e os leitores têm um momento interessante para começar a ler Mulher-Maravilha, mas que Rucka nos enganou… isso com certeza!

Usou e abusou dos cliffhangers explosivos no final de algumas edições, que foram resolvidos duma forma banal na edição seguinte. Sem querer dar muitos spoilers, mas Diana num hospício e um tiro que atravessa o peito da personagem são péssimos exemplos…

Criou releituras dos personagens de forma completamente gratuita. Sem spoilers novamente? A Circe não agrega nada à história…

A grande trama sobre Diana nunca ter voltado à Ilha Paraíso não tem o destaque que merecia (e deveria).

Sem querer parecer um leitor velho e reclamão – mas já sendo –, o resultado final acaba me parecendo desrespeito aos leitores mais antigos da personagem.

Enfim…

Caso você conseguir relevar esse fato – ou estiver começando a acompanhar as aventuras da personagem agora –, vai se deparar com uma fase legalzinha. Rucka, mesmo usando recursos fáceis e simples, entende o trabalho que deve entregar e escreve bem.

E esteve acompanhado de um belo grupo de desenhistas.

O britânico Liam Sharp foi responsável por quase todas as edições do presente. Além da ótima narrativa, desenha uma Diana elegante e imponente. Sharp soube criar ótimos momentos de terror e páginas com uma diagramação inventiva. Uma escolha certeira para retratar a atualidade da trama de Rucka.

O passado ficou por conta de outras duas artistas: Nicola Scott, australiana, e Bilquis Evely, brasileira. Scott, com estilo levemente mais cartoon, desenhou uma Diana jovem e inocente.

Evely, com um traço mais realista, retratou a personagem de forma elegante.

No entanto, mesmo com traços diferentes e cheios de personalidade, as duas têm algo em comum: possuem um estilo clássico e limpo, que acaba funcionando muito bem ao retratar o passado dessa história elaborada pelo autor.

Renato Guedes e Mirka Andolfo decepcionam nas edições que desenharam, mas não conseguem derrubar o padrão artístico dessa fase…

Sendo muito honesto? Da oitava edição em diante, foram os desenhos de Sharp e Evely que me fizeram continuar acompanhando o título.

No entanto, a edição #13 traz uma das melhores cenas protagonizadas pela trindade…

Enfim…

No final, o saldo é positivo. Rucka consegue ser aprovado com uma nota 6.5, talvez até 7.

Eu esperava mais, mas aí é problema da minha expectativa…