Opinião

Um desabafo… motivado por revolta

servido por: JG Guerreiro

Hoje, dia primeiro de maio, comemora-se o Dia do Trabalhador.

O significado de “comemorar” é bastante associado aos festejos, às celebrações ou outras categorias de solenidades, pois bem, “comemorar” não é só isso.

Comemorar também é relembrar, tornar a memória, rememorar o passado, vivo no presente, para que não esqueçamos os feitos anteriores, principalmente os feitos de luta.

Eu me formei como professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ – e, desde então, somente os entes mais próximos sabem como foi dura a batalha para chegar à sala de aula. São muitas dificuldades por conta do mercado de trabalho e, ainda assim, temos que enfrentar dificuldades no dia a dia devido às nossas condições do exercício de nossas atividades.

Independente de privado ou público, as dificuldades estão postas, afinal, somos uma classe… uma classe desvalorizada nesse país. E não somente desvalorizada pelo aspecto financeiro, como também social e cultural. O desrespeito é grandioso.

Esperei o dia de hoje para comentar sobre o massacre ocorrido no Paraná, que, na verdade, não é novidade. Rio de Janeiro e São Paulo, assim como outras cidades, passaram pela mesma situação: professores reivindicando direitos e a polícia, como braço do Estado opressor, reprimindo violentamente com bombas, sprays e porradaria.

O que aconteceu na quarta-feira, dia 29/04, foi a gota d’água. Ter que ver aqueles vídeos dos professores feridos, enquanto outros soltam gritos de euforia, aplaudindo os atos de violência, me deixou profundamente triste.

A todo tempo, faço uma profunda reflexão da minha profissão e me questiono se realmente quero continuar em sala de aula… se um dia ainda almejarei uma matrícula pública. A resposta é “sim”. Sim, vou continuar em sala de aula. Pois o meu papel é educar e, com certeza, farei isso para que este episódio não se repita.

Colegas de profissão, faço um convite: vamos comemorar o Dia do Trabalhador lembrando o massacre ocorrido no Paraná. Aquele foi mais um episódio de luta, a mesma que travamos todos os dias para melhorar a educação neste país.