Confissões
Resolvi pegar um pouco mais leve!
Ainda tentando encontrar meu caminho por aqui, decidi fazer algo diferente da semana passada.
Não era a minha intenção fazer reviews nesse espaço. Já tenho um local para fazer isso (dá uma olhada no meu Instagram!). Entre cachorros, ilustrações e trabalhos, às vezes, faço um comentário ou outro sobre algumas leituras.
Só que, recentemente, uma HQ ficou merecendo mais do que aquele espaço de lá. Então trouxe para cá!
Graphics MSP!
Um projeto que tem juntado alguns dos melhores quadrinhistas brasileiros atuais com os clássicos e intocados personagens criados pelo Mauricio em reinvenções/reinterpretações surpreendentes e inusitadas…
Enfim…
Sucesso absoluto. Já na segunda fase. E com direito a duas continuações. E é justamente uma dessas continuações que explodiu a minha cabeça.
Lições, dos irmãos Cafaggi, continuação de Laços, é uma HQ tão maior que a primeira parte. Não só no tempo em que a história acontece, mas também na quantidade de lições que consegue passar.
E, sim! O trocadilho foi ruim, mas proposital!
É daquelas obras que parece chegar na hora certa e que faz você pensar, relembrar e, pela simplicidade, sem apelos, toca pela nostalgia. Lições já deixa claro, na capa, o toque pela nostalgia.
E, cara… não existe tema mais difícil de ser trabalhado que a nostalgia. É algo que só dá certo por causa de algo ainda mais complexo: identificação.
OK, vamos concordar que não existe nada tão subjetivo quanto se identificar com uma determinada história, ainda mais pelas vias da saudade. Mas existe, nessa HQ dos irmãos Cafaggi, uma interpretação tão singela daqueles personagens já tão entranhados na nossa cultura, que acabam formando uma única instituição: a do amor!
E, sim! Eu sei que fui brega pra cacete! Mas continuando…
Do amor que nos ensina as lições que nos unem. As lições que criam os relacionamentos.
Não conhecia o trabalho da Lu antes dessas duas graphics… e como me sinto um idiota por isso! A arte dela é tão singela e encantadora, que corre o risco de os mais desavisados arrancarem as páginas, querendo apertar os personagens.
Agora, o trabalho do Vitor, eu acompanho desde Puny Parker. E é incrível ver como ele evoluiu como artista nesses anos. E, sempre, sem ter o menor pudor de assumir e explorar as referências dele. E, em Lições, podemos reconhecer e nos deliciar com cada uma delas… e acabar descobrindo que elas são as nossas referências também! Lições remete aos filmes do John Hughes. É Os Goonies. É tudo de melhor e “pior” que a Sessão da Tarde, que marcou uma geração, teve…
E, ao lembrar-me disso, fico pensando se não existe uma tentativa de uma viagem de volta no tempo nessa obra… da recriação daquelas tardes compridas, com minutos que duravam horas e com horas que duravam dias. Do reencontro com aqueles momentos inesquecíveis ao lado de pessoas inesquecíveis. Quando a amizade era a coisa mais importante do mundo e, principalmente, quando se tinha uma impressão inocente de que, o que é bom, não acaba nunca.
E quando a leitura acaba, o sorriso, que fica no rosto, rivaliza com a vontade de quero mais, que vem, como um tapa, relembrar que, o que é bom, infelizmente vai acabar…
Eu mesmo me peguei viajando e relembrando das brincadeiras, castigos, confusões e da vontade de chegar logo nas férias com meu irmão e meus primos, durante toda a minha infância.
Viajando até a primeira coreografia que o meu afilhado, aos cinco anos, fez em uma festa na escola e torcendo para ele não errar.
E me enxergando no futuro, ao pensar em como criar o Bento. E nas lições que aprendi e que quero passar para ele…
E, sim! Eu sei que consegui ser ainda mais piegas agora do que lá em cima…
Mas essas são apenas divagações. Talvez o mais importante, no final, seja apenas acompanhar mais essa aventura da turminha… e, nesse caminho, convivermos um pouco mais com a amizade, as decepções, o bom humor, os diálogos recheados de referências, a diversão e o amor… às vezes, isso pode ser o mais importante.
P.S.: Bento é o nome do meu primeiro filho. Que, daqui a pouquinho, está nascendo… não que isso importe, mas achei válido esclarecer…