Igreja católica

O santo marketing

servido por: Juca Badaró

Talvez seja radicalismo de minha parte, talvez um asco consciente a tudo o que envolve a Igreja Católica ou talvez não acredite mesmo em velhinhos com cara de bonzinho. Ou, ainda, talvez isso tudo junto. O fato é que o Papa Francisco, em minha opinião, é um grande engodo. Uma farsa. Uma estratégia calculada e articulada por uma instituição de valores arcaicos e medievais, que teme o crescimento irrefreável da fé cristã protestante. Mas que aprendeu a usar a comunicação moderna, ou melhor, uma das mais asquerosas formas de se fazer comunicação em tempos modernos: o marketing.

Nos últimos dias, após um encontro entre líderes da Igreja Católica no Vaticano, que eles chamam de “sínodo”, os bispos, cardeais e demais membros dessa empresa de dogmas ultrapassados se reuniram para discutir os valores da família. Eu me pergunto qual o entendimento de família para estes senhores? É o conceito fóssil e obsoleto da Bíblia? Em pauta, nesta reunião, estavam a questão dos divorciados, que podem ou não se casar novamente, e um posicionamento sobre como tratar a causa dos homossexuais. Em resumo, não chegaram a qualquer decisão concreta e importante, nem mesmo para os milhões de católicos que esperavam um posicionamento claro da igreja.

Muitos analistas consideraram o documento, aprovado no Vaticano, confuso e ineficiente. Eu o considero patético. Ele reitera a posição, já declarada pelo Papa Francisco, de que os homossexuais não podem ser discriminados, mas também não aceita e continua a condenar a união de pessoas do mesmo sexo. Isso porque não se pode contrariar um livro caduco e primitivo, que é a base desta religião de tantas glórias.

Com relação ao segundo tema revisto pelos súditos do Papa, aquele que diz respeito aos divorciados, mais uma decisão que demonstra a esperteza de uma igreja conhecida, ao longo da história, por usurpar. O documento define que cada padre avalie, individualmente, caso a caso, um novo casamento para aqueles que já se divorciaram. Sabemos o quanto as paróquias faturam com os casamentos, que acontecem aos milhões no Brasil e no mundo católico. Há taxas para o padre, para a igreja, para os coroinhas, para as velas, para as beatas que vão encher a paróquia, etc. Nada melhor do que as pessoas poderem casar novamente, mesmo depois de um divórcio. Ainda mais em tempos de casamentos efêmeros e relações fugidias.

Ponto para o catolicismo cristão. Mais um ponto também para o recente produto do marketing católico: o Papa latino-americano, humilde, preocupado com os pobres, com os principais valores cristãos. O Papa que rejeita a riqueza, as regalias do papado e que prefere estar entre os mais simples. O Papa que, pela primeira vez, deu voz aos homossexuais. Estes até então demonizados pela Bíblia, pelos padres, pelos católicos e colocados, por estes, na “confortável” situação de marginalidade.

O que me entristece é perceber que ainda existem pessoas não-católicas que acreditam nessa farsa recente da Igreja de Roma. Me preocupou ouvir esse discurso repetido, da humildade cristã, depois de conhecer o Vaticano de perto. E de confirmar, com os meus próprios olhos, aquilo tudo que li nos livros. Está tudo lá, a céu aberto, para quem quiser ver.