Quadrinhos

#heforshe

servido por: Vitor Leobons

A segunda edição da mensal Star Wars: Darth Vader, lançada pela Panini, trouxe a estreia da Princesa Leia. Escrita pelo grande Mark Waid, foi recordista de vendas no mês do lançamento, lá nos EUA! E, fora o sucesso, essa HQ é um marco importante pra caramba na mitologia de uma saga que, durante décadas, nunca deu o espaço devido às personagens femininas.

Thor, agora, é uma mulher.

A Batgirl foi repaginada.

Temos também uma nova Miss Marvel.

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E, em comum, elas têm o fato de que a reformulação foi mais pensada para criar personagens fortes e interessantes – para que as leitoras se identifiquem com elas – do que para mero deleite dos leitores.

Tem uma frase do Scott McCloud, em que ele diz: “a história do desequilíbrio entre os sexos é um dos mais impressionantes exemplos do potencial desperdiçado dos quadrinhos”. G. Willow Wilson e Kelly Sue DeConnick foram duas roteiristas que chutaram bundas com as séries delas na Marvel e ajudaram a mostrar como McCloud está certo!

Daria para fazer um texto gigante, apenas citando uma porrada de grandes artistas – mulheres – ou novas abordagens a grandes personagens femininas que, finalmente, vêm mostrando que quadrinhos… enfim, na falta de um termo melhor… que quadrinhos não são “coisas de menino”.

Uma batalha que, na verdade, nem deveria existir, mas, infelizmente, é necessária e importante pra caramba! Afinal, da mesma forma que temos mais mulheres mostrando o trabalho e as grandes editoras apostando em autoras e em personagens femininas fortes, por outro lado, temos ainda mais misoginia, sexismo e machismo escondido em atitudes corriqueiras… vocês lembram da campanha de divulgação do HQMIX 2015, né?

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OK! Quando surgiram, os quadrinhos eram criados por homens e retratavam desejos, fantasias e blá, blá, blá… mas isso foi lá nos anos 30, muita coisa aconteceu e muita coisa evoluiu. Então essa desculpa é fuleira pra cacete! Existem tantas leitoras quantos leitores, tantas criadoras quanto criadores… então por que ainda preciso falar que temos que igualar as coisas?

Women in Refrigerators e The Hawkeye Initiative são dois exemplos de como o tratamento, dado às mulheres nos quadrinhos mainstream americano, ainda é bizarro e ridículo…

E, depois de uma passada por esses dois sites, fiquei pensando pra cacete em como escrever esse texto. Em como abordar o assunto.

Afinal, esse é um tema que vai além da empatia. Vai além de tentar me colocar no lugar e discutir pontos que me incomodam.

E sabe por quê? Porque não vão ficar questionando o meu conhecimento em quadrinhos, ou quantas histórias clássicas eu realmente li, ou quanto, sobre tal personagem, eu realmente sei…

Porque não vou correr o risco de receber uma porrada de comentários grosseiros/sexistas/sem noção, porque fiz um cosplay de uma personagem que eu gosto…

Porque se eu for brigar por um espaço, por uma voz, ou até por um salário igual, não serei apontado como chato, feminazi e afins…

Como disse, fiquei pensando em como falar por elas. Mas isso não existe! Não tem como! E então entendi que não tenho que falar por elas! Mas, sim, COM elas!

Em uma recente entrevista, Neil Gaiman disse: “não tenho paciência com histórias em que mulheres são resgatadas por homens. Você não precisa ser salvo por um príncipe”. E é isso! Não é lutar por elas, mas ao lado! Não temos mais princesinhas em busca de um protetor…


Enfim…

E a quem possa interessar, fora bons quadrinhos de autoras e com boas personagens femininas no mercado americano, temos uma quantidade boa de iniciativas femininas e de autoras por aqui! Vocês já conhecem o BAMQ! do Lady’s Comics? É uma ótima oportunidade para conhecer um monte de artistas nacionais bacanas e o material produzido por elas!

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