Seja bem-vinda, Kamala Khan
Kamala Khan!
Com pouco mais de 120 páginas, conseguiu se tornar meu/minha personagem favorito sendo publicado atualmente!
O The Hugo Awards em 2015, na categoria Melhor História Gráfica, e o prêmio de Série no Festival d’Angoulême deste ano são mais do que justificados quando chegamos ao final da leitura do encadernado lançado recentemente pela Panini.
Uma leitura leve, deliciosa, com uma personagem muito bem desenvolvida, com uma ótima estrutura de coadjuvantes/elenco de apoio e com os alicerces do universo muito bem calculados.
Tudo é orgânico! Desde o “acidente” – que leva a origem dos poderes da personagem -, o porquê de adotar o nome, a “construção” do uniforme e o confronto com o arqui-vilão… todo o passo a passo de uma bela história de origem, contado em uma série que consegue exalar frescor e originalidade. Até quando é bem clichê!
É impossível não se identificar com a personagem… protagonista feminina e forte! Cheia de personalidade! E que não é uma ajudante ou o interesse amoroso do herói.
Em um momento especial como esse em que vivemos, com as mulheres ganhando mais e mais voz, é muito foda ver a Marvel investindo direitinho em uma série estrelada por uma boa personagem feminina. E tudo que a Distinta Concorrente erra editorialmente na série da Arlequina (já falei sobre isso aqui), a Marvel vai lá e acerta na série da Ms. Marvel.
A escolha da equipe criativa já diz muito sobre o que você está querendo alcançar com a obra. E colocar uma escritora como G. Willow Wilson deixa claro essa vontade de sair do lugar comum! É o primeiro trabalho dela a sair por aqui… que faça os leitores pedirem por mais e inspire, a Panini, a trazer as séries produzidas para o selo Vertigo.
Aqui, eu citei uma frase do Scott McCloud, que diz: “a história do desequilíbrio entre os sexos é um dos mais impressionantes exemplos do potencial desperdiçado dos quadrinhos”. O texto da Willow – nessas cinco edições – é a prova mais do que concreta disso!
Ah… a arte de Adrian Alphona é incrível!
Estilizada – mas realista na medida certa -, detalhista e com uma narrativa impecável, ajuda (e muito) a dar um tom único que a série merece. Um trabalho impecável, mas… sinceramente? Hoje, os holofotes são para a incrível nova personagem que temos na mão e uma autora que soube aproveitar muito bem a oportunidade!
P.S.: e eu nem comentei que a protagonista é muçulmana, né? Na hora de criar a nova série, eles fugiram da caracterização clichê, meteram o dedo na ferida e – sem ser panfletário – fizeram uma HQ que derruba um monte de preconceitos e barreiras… isso fica cada vez mais foda, não é?