Quadrinhos

YouTube e Amazon mudam mercado de quadrinhos no Brasil

servido por: Cauê Teixeira

Empilhados, enfileirados, organizados e desorganizados… quadrinhos para todos os lados e gostos. Visitar um evento como a Nerd Nation sempre provoca um deleite especial nos colecionadores.

A primeira edição que foi organizada por uma comic shop e um canal do YouTube… e reuniu quem gosta mesmo de quadrinhos.

Na era digital, nós optamos por comprar mais pela internet, principalmente devido aos descontos e porque as bancas estão sumindo – gradativamente – dos bairros. Mas conversando com Fernando Bedin, do canal Central HQs, vemos que essa mudança faz com que a gente acabe perdendo, um pouco, o contato com outros fãs de quadrinhos:

“Eventualmente, o lance – de ter nas megastores – facilita para quem está longe, mas você apoiar o pessoal da comic shop é muito bom. Conversar com outros colecionadores… não tem preço.”

Sites, como a Amazon, acabaram dominando o mercado e os preços dos quadrinhos reduziram bem. Mas eventos, tal qual a Nerd Nation, resgatam – pelo menos – um pouco dessa nostalgia de encontrar os amigos e sair para falar apenas de HQs.

Outro ponto positivo é poder conhecer alguns artistas. Eu tive o prazer de encontrar o ilustrador Sam Hart, que lançou – recentemente – a HQ Atômica: A Cidade Mais Fria (que também virou filme). Além de bater um papo com o cara, ganhei um autógrafo:

Atômica traz uma história de espionagem, recheada de reviravoltas. No cinema, o longa foi estrelado por Charlize Theron… uma trama de ação e muita porradaria. Mas a HQ é mais pés-no-chão. O lançamento e sucesso do filme surpreendeu Sam Hart:

“Eu fiz o quadrinho como se fosse um storyboard, mas não imaginei que iria virar um filme, me pegou totalmente de surpresa. Fiquei muito feliz.”

A internet também é culpada por outra mudança no cenário dos quadrinhos… muitos canais do YouTube dão dicas e fazem resenhas sobre lançamentos, até publicações mais antigas. O público, inclusive, espera o vídeo sair para ter uma primeira opinião e colocar na balança: vale a pena ou não comprar a HQ. Vinicius 2quadrinhos publica há alguns anos. Eu cheguei a ver o cara dando autógrafo para fãs. E ele concorda que o comentário dele faz, sim, diferença:

“Eu fico muito feliz de saber… quando vou em eventos e encontro os autores, eles comentam que venderam 80% a mais porque falei da obra deles no canal. É algo recompensador, nunca imaginei que o 2quadrinhos chegaria a ajudar alguém assim.”

Outros canais, como Pipoca e Nanquim, alçaram voos mais altos e estão publicando os próprios quadrinhos:

“Está sendo bem natural. Como – no canal – sempre indicamos o que a gente gosta… a galera já sabe. Então os quadrinhos que estamos lançando é porque curtimos e o público, ciente disso, confia mais.”

Finaliza Bruno Zago, um dos responsáveis pelo Pipoca e Nanquim. O canal já lançou quatro quadrinhos de alto nível: Espadas e Bruxas (Esteban Maroto), Moby Dick do Chabouté, Cannon e, mais recentemente, Beasts of Burden.

Para você ter uma ideia do que o canal Pipoca e Nanquim está fazendo… o próximo material que eles vão lançar será do Alan Moore!!!

Todas essas mudanças, provocadas por YouTube e Amazon, acabam nos distanciando dos bate-papos sobre quadrinhos… pegamos dicas nos canais e compramos tudo sentado no sofá de casa. Mas temos que ver o lado positivo de ter dicas e adquirir tudo mais barato. Sem nunca esquecer de marcar presença nos eventos para poder reencontrar a galera e conversar bastante!