Guerra Infinita

5 perguntas: Marcelo Campos

servido por: Vitor Leobons

Cinco perguntas, profissionais diferentes e um mesmo tema!

Essa é a proposta dessa série de entrevistas para encerrar essa nossa cobertura especial sobre Vingadores: Guerra Infinita. Para a estreia, fomos atrás de Marcelo Campos. Fundador da Quanta Academia de Artes, um dos primeiros desenhistas brasileiros a trabalhar no mercado estadunidense.

O criador do grande Quebra-Queixo. Ganhador dos prêmios Angelo Agostini e HQ Mix, possui uma opinião muito bem-formada sobre as adaptações de quadrinhos – algo que sempre rende polêmicas nas redes sociais dele! Será que na nossa breve entrevista vai ser diferente?

SHOTS:
São 10 anos, 18 filmes, uma arrecadação que passou dos 14 bilhões de dólares em bilheteria mundial. Marvel Studios e MCU mudaram a cara de Hollywood? Se sim, como e por quê?

Marcelo Campos:
Não acho que eles mudaram a cara de Hollywood, eles fizeram um negócio inédito, com certeza.

Isso é uma saga que foi concebida para atingir todos os públicos, classes, se você leu ou não. Na real, eles não fizeram um lance pretensioso que queria mudar Hollywood. A proposta não era essa. E estão entregando um universo integrado, muito bem-feito, com ótimos filmes.

O lance todo é esse!

O universo funciona: cada longa individualmente, os personagens são respeitosos… e por quais motivos? Planejamento e ter um Kevin Feige à frente disso. Um cara que senta, planeja e segue aquilo. Nada é corrido, mas elaborado com tempo. Todo herói teve espaço para ser estabelecido e puxou os outros a seguirem em frente. Você vê uma preparação de 10 anos… do Nick Fury falando sobre os Vingadores no primeiro Iron Man até agora, com o Thanos.

A galera, às vezes, reclama da fórmula, de ser simples, ter comédia. Mas o pessoal só não vê que tem elementos de roteiro e construção dos personagens ali, os quais são lindos. Não é a torta na cara. Mas algo que você precisa – realmente – prestar atenção. Se você não quiser, o longa continua sendo legal pela porrada, pelos efeitos. Mas se você parar para olhar, também é complexo: relações entre os envolvidos, as histórias! É inacreditável ver isso acontecer, depois de passar a vida achando que nunca iam fazer filmes ou séries bem-feitas com esses heróis.

E ganhar de presente esses 10 anos é incrível! A galera reclama demais.

SHOTS:
Revendo todos os filmes, eu comecei a perceber uma complexidade na narrativa das produções da Marvel Studios. Eles trabalham para uma audiência ampla demais! Vai da criança ao adulto, passando pelo fã e chegando naquele espectador que não conhece nada dos personagens. Não é fácil fazer isso e – principalmente – realizar com sucesso, como eles têm feito. O que você acha desse tipo desafio? O de construir histórias para uma audiência tão ampla…

Marcelo Campos:
Trabalhar com audiências amplas é sempre um risco, porque algumas situações você nivela “por baixo”, mas dá para fazer muita coisa.

Você pode também arriscar… se olhar esse arco de histórias, tem filmes com várias narrativas e temas. Inclusive o aspecto de relações que a galera adulta pede tanto, mas não vê. Aquela cena inicial do primeiro Guardiões da Galáxia, com o Peter Quill criança, é mais densa e profunda que um monte de cena dos filmes feitos pela DC, por exemplo.

O fato de escolher trabalhar com filmes para todos só é ruim, ou infantilizado, quando você planeja isso. Se há bons roteiristas, você encontra os pontos que o seu público vai aguentar. Aquele lance que as pessoas vão entendendo e gostando.

É o caso do Star Wars. Lucas fez aquilo para criança, desde o começo: os Ewoks, a saga. Mas trata-se de um filme “complexo”, existe a evolução dos personagens, o caminho do herói ali.

Acho que o desafio não é trabalhar com essa audiência e, sim, fazer algo legal, respeitoso.

Criar universos é um desafio enorme, não importa o tamanho do seu público.

SHOTS:
E você tem alguma ressalva, determinado ponto negativo nos filmes ou no projeto como um todo. Qual é a sua crítica ao MCU?

Marcelo Campos:
Nunca achei que ia ver isso que estou conferindo no cinema. São personagens que eu curto desde moleque… e assistir desse jeito, sendo feito direito!

Tenho alguns problemas com os dois primeiros filmes do Thor… se tivessem feito algo como esse último desde o começo, para mim, teria sido perfeito. Mas esse sou eu, mais exigente, porque é um dos meus personagens favoritos.

SHOTS:
Indo além do cinema, eu tenho visto um reflexo dos filmes da Marvel Studios também nos quadrinhos, com o surgimento de novos leitores. Você também tem visto essa “renovação”? E qual é a sua opinião sobre? Tanto positiva, quanto negativa…

Marcelo Campos:
Existem pessoas que vão atrás mesmo de ler esses personagens. Mas acho que essa ligação ainda está meio quebrada. Porque esse espectador nem sempre encontra – na banca – o herói que ele está vendo no cinema e nos títulos regulares. Inclusive temos essas sagas que você precisa seguir vários títulos para entender a história toda. Isso, para mim, é um elemento que não funciona. É a mesma coisa com as séries de TV.

SHOTS:
Como fã, o que você espera de Vingadores: Guerra Infinita e do MCU daqui para a frente?

Marcelo Campos:
Não quero levantar minhas expectativas, mas espero o melhor longa de todos, uma epopeia, um espetáculo. Na real, espero um puta filme! Um roteiro legal, fechadinho… e com os personagens lá… respeitando quem eles são, as histórias e a evolução deles. Espero umas cenas de ação que vou ficar babando depois e pausando quadro a quadro para ver cada detalhe quando sair o blu-ray… hahahahahaha