Ao infinito… e além!
Lembro-me de quando comecei a ler gibis. Grandes eventos que reuniam todos os heróis não eram algo tão recorrente como são hoje em dia na DC e Marvel Comics. Por isso, quando aconteciam, traziam uma empolgação que fazia qualquer leitor vibrar…
Crise nas Infinitas Terras, pela Editora das Lendas…
Guerras Secretas, pela Casa das Ideias…
São apenas os primeiros exemplos dessas aventuras apocalípticas que colocavam personagens diante dos problemas e adversários virtualmente impossíveis de serem vencidos…
Vingadores: Guerra Infinita é uma carta de amor da Marvel Studios a esses grandes eventos! Uma história que veio sendo construída desde quando Loki e os Chitauris invadiram Nova Iorque, seis anos atrás, a mando de Thanos.
E que carta de amor linda, os Irmãos Russo elaboraram! O décimo nono filme do MCU é como ver Jim Starlin e George Pérez em estado de graça, criando a aventura mais épica que são capazes.
O roteiro da dupla McFeely/Markus é cirúrgico de tão bem construído. Eles conseguem entregar uma trama que não paralisa em momento algum, recheada com cenas de ação incríveis. Mas, mesmo assim, consegue ter momentos intimistas… para depois fazer o cinema vibrar novamente. Separar a história em núcleos foi uma decisão inteligente, tanto para logística e orçamento da produção, quanto para o desenvolvimento da história.
E a química entre todos os núcleos funciona muito bem! Caso haja dois personagens da Marvel Comics na mesma sala: primeiro, eles vão brigar, para – depois – tentar se entender. Whedon conseguiu manter esse clima no primeiro filme dos Vingadores. E temos o mesmo aqui. Tony Stark e Doutor Estranho funcionam muito bem juntos! Mas falo mais sobre isso daqui a pouco…
P.S.: até o clichê – dos heróis que se encontram e brigam, para depois buscarem um entendimento – está lá…
Mas, voltando…
E, como foi sendo mostrado ao longo da Fase 3, os envolvidos não tem qualquer receio de destruir o status quo. Colocando os protagonistas diante das piores situações.
Eu imagino que a dupla de roteiristas, junto com os diretores, se divertiram horrores, sendo sádicos malditos para cima dos nossos heróis. E só posso agradecer a eles por isso.
E não apenas agradecer, mas também preciso dizer: os Irmãos Russo chegaram no auge! Diante do circo gigantesco que o filme é, eles não perdem a mão em momento algum. Montando um espetáculo comercial, pop, ambicioso – mas, ainda assim, despretensioso – e TECNICAMENTE impecável.
Que edição! Trabalhando vários eventos paralelos, nunca é confusa, exagerada ou descabida. Sem firulas ou malabarismos, faz exatamente o que uma boa montagem precisa entregar: consegue equilíbrio perfeito entre passar a mensagem e transmitir emoções.
Star Wars e O Senhor dos Anéis tem – em comum – o fato de serem reconhecidos como filme-evento de uma geração. E, além disso, cada uma dessas produções representou um avanço tecnológico absurdo no campo dos efeitos especiais… Guerra Infinita se junta aos dois, sem o menor medo. Os efeitos são inacreditáveis de tão bons. O Thanos, de Josh Brolin, é assustador de tão realista.
Inclusive, Brolin interpreta um vilão da melhor qualidade! Thanos não é apenas mal, ele tem um objetivo que acredita ser válido e faz tudo o que pode para alcançar. Os olhares, respiros, a raiva. O ganhador do Oscar – e futuro Cable – simplesmente arrebenta! A última cena do personagem é um contraponto que o enche de humanidade…
Que presente Robert Downey Jr. ganhou! O filme é uma puta celebração ao ator e a esse personagem. E ele, novamente, não decepciona. Stark contracenando com o Doutor Estranho, de Benedict Cumberbatch, é fantástico! E que ator generoso também, vamos admitir, né? Um dos grandes responsáveis por esses 10 anos de sucesso, mas não tenta roubar a cena ou ter mais atenção do que ninguém. Ele é o porta-voz do MCU. Mas sabe o momento de dar um passo atrás para deixar os colegas brilharem.
O Thor de Chris Hemsworth também brilha! Num roteiro que se preocupa em explicar o modo de pensar do personagem e a forma como ele reage as tragédias. Ainda garante duas cenas épicas para o herói protagonizar.
Fechando esse trio, temos Steve Rogers, de Evans, se mostrando desgastado, mas ainda é o líder que todos querem ter. E também garante momentos épicos!
Todos os personagens tem um momento de destaque na trama! E os atores defendem – muito bem – cada papel. Zoe Saldana, com Gamora, simplesmente destrói nas cenas mais dramáticas.
P.S.: Tom Holland ganhou minha admiração definitiva! A última cena é fantástica! E quando você descobre que foi improvisada, ganha ainda mais peso.
Eu poderia passar horas detalhando, e comentando, cada momento do filme… só que nada vai preparar os fãs para a experiência que é assistir à Guerra Infinita. Nem os dez anos – e 18 filmes – que nos trouxeram até esse momento. Nada nos deixou minimamente pronto para o que essa produção é.
Inevitável dizer que o filme é um marco. Tanto pelo tamanho da produção, quanto pelos recordes que quebrou e ainda vai bater. E por aquilo que representa para o cinema estadunidense e a cultura pop. Sem ter tal pretensão de mudar nada, Kevin Feige e gangue fizeram história.
Ao ler Marvel Comics: A História Secreta, de Sean Howe, descobri que Stan sempre teve o desejo de ver os personagens, e esse universo criado por ele, em Hollywood. Guerra Infinita prova que o sonho do Stan Lee se realizou. E o nosso também…