Quando pensamos em cinema sueco, a primeira coisa que vem, em nossas mentes, é Ingmar Bergman… mais especificamente, o “Sétimo Selo”. Mas também existe o novo cinema sueco e filmes como a trilogia “Millenium”.

Ainda existem outros filmes e outros cineastas, que podem entrar no hall dos cults. E, dentre eles, está Bo Arne Vibenius e “Thriller – A Cruel Picture”.

Em 1973, Vibenius escreveu e dirigiu o clássico exploitation “Thriller – En Grym Film” (também conhecido como “Thriller – A Cruel Picture” ou “Thriller – They Call Her One Eye”).

Estrelando Christina Lindberg, um sex symbol sueco da época, o filme contou com orçamento e equipe similares aos que, inclusive, trabalharam com Bergman. Christina vive o papel de Frigga, uma jovem muda devido à problemas emocionais relacionados ao estupro sofrido quando ainda era criança. Quando adulta, é sequestrada, forçada ao vício em heroína e a se prostituir. A partir daí, ela começa um plano de vingança.

Com cenas fortes, que incluem sexo explícito, este filme não tem a mesma velocidade e ação comparáveis a outros filmes exploitation e blaxploitation americanos. Neste ponto, ele é tipicamente europeu. Em compensação, a violência pode ser comparável a filmes de Michael Haneke (“Violência Gratuita”). A premissa é simples: sexo e vingança.

Um filme que consegue a proeza de que a personagem principal não fale uma única palavra, em todos os 104min de filme, já vale ser assistido pela curiosidade. Mas ele é mais, muito mais do que isso. Não possui roteiro ou fotografia soberbos, mas são consistentes. Na minha opinião, o problema mais grave é o abuso do slow motion em cenas-chave do filme, algo que pode ser facilmente perdoado pelo todo. Detalhes como o tapa-olho mudando de cor, de acordo com a situação, são fantásticos.

“Thriller” é, segundo Tarantino, um dos melhores e mais duros filmes de rape and revenge dos anos 70 e foi uma das grandes inspirações para “Kill Bill”, juntamente com outro filme estrelado por Christina Lindberg: o japonês “Sex And Fury”, inclusive influenciando a personagem principal, “A Noiva”.

“Thriller – A Cruel Picture” é um filme que vale a pena ser assistido pela direção, pelo roteiro e pela sexy (e calada) Christina Lindberg. Apesar de nunca ter sido lançado no Brasil, é quesito obrigatório em qualquer videoteca de respeito!