Coisa de adulto
Então, sabe Logan?
Não é o filme definitivo do Wolverine!
Pronto, já joguei a bomba. Agora deixa eu tentar explicar!
A despedida de Hugh Jackman é, sim, um ótimo filme! Um faroeste bacana sobre legado e a relação entre pais e filhos. Uma abordagem interessante, se você conseguir entender às semelhanças entre Wolverine e os protagonistas de um bom western; se pensarmos que é a última participação de Jackman no papel mais marcante da carreira dele; e que também é o encerramento de uma história que começou há 17 anos atrás e que deixa os fãs pensando no futuro da franquia.
Pois bem…
James Mangold faz um filme correto, sem exageros; nos oferece boas cenas de ação, onde o sangue jorra para tudo quanto é lado. Tão bem coreografadas, mas – ao mesmo tempo – diretas e cruas. É gráfico, mas sem soar gratuito ou parecer que está fazendo uma ode à violência.
É o lado berserker, a face furiosa do personagem que os fãs sempre pediram para ver no cinema…
Hugh Jackman e Patrick Stewart deixam de lado qualquer pudor e glória… e conseguem as melhores interpretações como Wolverine e Professor Xavier respectivamente. A jovem Dafne Keen entrega uma versão surpreendente e cativante da X-23!
Enfim…
É o melhor filme solo do personagem no cinema. Mas não dá para considerar isso um elogio ao lembrar do péssimo X-Men Origens: Wolverine e do insosso Wolverine: Imortal.
Agora, apesar da estrutura interessante e do único final possível – num filme de encerramento como Logan é – desde que foi anunciado… falta um bom adversário para a trama! Um bom vilão que fosse o grande nêmesis do protagonista! Talvez Dentes-de-Sabre no lugar do X-24 e de Donald Pierce, mas talvez isso deixasse o filme mais “legal” do que ele se permite ser.
E, para mim, esse é o grande problema da película do James Mangold: é tudo muito sóbrio, muito sério, muito adulto… parece, no final das contas, muito mais interessado em satisfazer o ego artístico dos envolvidos do que ser um filme para os fãs. Acaba tentando ser mais cult do que respeitoso ao material original. É tão artístico, que até uma versão em preto e branco vai ser exibida nos cinemas americanos!
https://www.youtube.com/watch?v=VD8UHu0viEE
Pelo trailer, essa opção parece ser linda. E deixa tudo ainda mais sério, mais adulto, mais sombrio e, infelizmente, também mais pedante e prepotente…
Mangold não parece preocupado em fazer um filme do Wolverine, tanto que declarou que o uniforme clássico dos quadrinhos não foi utilizado nas duas películas que dirigiu, pois – de acordo com a interpretação dele – Wolvie nunca usaria aquele traje! E, dessa maneira, ele deixou de lado mais de 40 anos de histórias…
Enfim…
Hugh Jackman nos deu um ótimo Wolverine numa época em que era difícil ver bons filmes de quadrinho. Mas, com o passar do tempo, foi ficando clara a diferença entre a versão de película e do papel. É mais ou menos como o Batman do Christian Bale: é uma excelente interpretação do personagem, mas não é o herói dos quadrinhos! É uma interpretação, uma releitura… e, não, a versão definitiva!
É exatamente o que acontece com o Wolvie do Jackman: pode ser legal, mas está longe de ser a versão definitiva do personagem!
Ainda torço por um filme do Wolverine que abrace o lado pop, trash e descartável das HQs, mas que – ao mesmo tempo – saiba entender e mostrar as metáforas e críticas políticas/sociais que os quadrinhos também têm!
Enquanto isso, ficamos com a interpretação do Jackman… que foi importante para ajudar a criar as bases de sucesso nas adaptações de quadrinho, mas não é a versão definitiva do personagem!
Enfim…