Revendo conceitos…
Como o tempo passa rápido…
Lá se vão 25 anos desde que o Homem-Morcego, interpretado por Michael Keaton, voltou aos cinemas para enfrentar uma das versões mais marcantes da Mulher-Gato… e o Pinguim mais bizarro de todos.
Depois do sucesso do primeiro filme, Burton voltou para a continuação, com muito mais liberdade criativa.
Tim Burton ainda estava no auge, mas nunca escondeu o fato de que jamais tinha lido uma história em quadrinhos…
Enfim…
Então, para celebrar esses 25 anos, resolvi rever Batman: O Retorno e… bom, vamos lá!
O filme tem estilo! Isso não se discute! A trilha sonora é soberba; os cenários, incríveis; e os dois longas dirigidos por Tim Burton influenciaram – pra caramba – a animação do Morcego criada pela dupla Paul Dini e Bruce Timm. E só isso já é razão de sobra para termos memória afetiva pela trama de Burton…
Mas os pontos negativos são tantos…
Vamos começar pelo protagonista… Batman mata! Se somente isso já não argumenta contra o filme, ainda temos o fato de que Keaton é um péssimo Cavaleiro das Trevas. O desempenho dele nas cenas de luta é constrangedor. A interpretação do Bruce é até interessante, mas o ator não tem a menor presença para o papel de Homem-Morcego. E talvez essa tenha sido a intenção do diretor, já que – nos dois longas – a história se mostra muito mais preocupada em desenvolver os vilões do que o personagem principal.
Mesmo assim, os vilões estão totalmente descaracterizados! O Pinguim, de Danny DeVito, pode ser um personagem interessante, mas que em nada dialoga com a contraparte dos quadrinhos. Um bebê deformado, que foi jogado nos esgotos pela família rica e, então, é salvo por pinguins gigantes de circo…
Eu tenho uma tolerância imensa a ideias loucas e bizarras, que têm potencial para serem muito legais, mas pinguins gigantes, adestrados, vivendo nos esgotos? Isso é surreal demais até para mim…
Michelle Pfeiffer entrou para a história como a Selina Kyle de uma geração, mas a personagem é tão mal adaptada quanto a versão interpretada por Halle Berry anos depois. Assassinada pelo patrão corrupto, é ressuscitada por alguns gatos de rua, enlouquece e decide se vingar e tacar fogo na cidade…
E usar o Comissário Gordon como um mero coadjuvante é uma puta falta de respeito…
O roteiro é rocambolesco, cheio de furos, mas tem ritmo e encontra espaço para uma crítica política (e social) extremamente relevante até hoje! Em contraponto, elabora várias cenas – no mínimo – estranhas, na falta de um adjetivo melhor!
O Batsinal rebate em outros, “extremamente discretos”, espalhados pelo telhado da mansão Wayne, que acabam projetando a silhueta do morcego diretamente para dentro da “sala de depressão” do Bruce…
O Pinguim controlando o Batmóvel em uma versão do mesmo de brinquedo…
E o bumerangue computadorizado, programado para derrubar os cinco criminosos da gangue do Pinguim…
Pinguins com mísseis nas costas…
E o clímax do filme é de uma maluquice só…
Enfim…
O engraçado, ao rever essas e outras cenas, é perceber como o filme encontra eco no seriado camp dos anos 60! O tom exagerado, o deboche e a ironia… mesmo apostando no lado sombrio, é interessante perceber, 25 anos depois, como as duas adaptações funcionam de forma semelhante.
E o mais interessante de notar hoje em dia, é que mesmo não entendendo e não respeitando os personagens originais, o clima de terror, um conto de fadas bizarro, criado por Burton tem muito de história em quadrinhos.
Pois é, Batman: O Retorno acabou me surpreendendo nessa revisão de 25 anos! É esperto, despretensioso, ciente das limitações e não menospreza o espectador. Como adaptação, tem vários pontos negativos…
Enfim…
Mas o filme tem méritos! E o maior deles é levar – para os cinemas – a ambientação dark do personagem, de uma forma que nenhuma das versões posteriores soube fazer!