Cinema

Atômica – espionagem e porrada

servido por: Cauê Teixeira

Final da Guerra Fria, o muro de Berlim está quase caindo. Mas o filme não é sobre essa história. Uma lista de espiões pode cair em mãos erradas e Lorraine Broughton (Charlize Theron) entra numa briga envolvendo outros agentes secretos… dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. O longa é dirigido por David Leitch.

O ponto forte do filme são as cenas de ação. Sentado na poltrona do cinema, eu sentia as porradas, tudo muito realista: não existe super-herói. Em muitos momentos, os personagens cansam e – durante a briga – acaba ficando meio arrastado, com qualquer objeto virando uma arma. A agente Lorraine tem grande habilidade no corpo a corpo, mas apanha tanto quanto bate. Charlize Theron se preparou demais para o papel e treinou artes marciais… a atriz dispensou dublês em muitas tomadas.

Vale ressaltar que o diretor David Leitch era dublê e isso fica claro nas cenas de luta. A melhor delas não tem cortes, a pancadaria rola por quase 15 minutos… é um plano-sequência com muito sangue. Com certeza, é a tomada mais marcante do filme. Lorraine briga com vários inimigos e tenta escapar por uma escada; ela é perseguida, arremessada, leva socos e chutes.

Mudei de ideia: acredito que alguns cortes foram feitos durante o plano-sequência, para fazer a maquiagem dos ferimentos… ela sai acabada da luta, é sensacional!

A ambientação – de uma Berlim dos anos 80 – é marcada com muita pichação e luzes… muito néon. A trilha sonora ajuda a criar o clima dos anos 80… Queen, David Bowie, New Order, Depeche Mode, The Clash, entre outros.

O roteiro é marcado por reviravoltas e na máxima do “não confie em ninguém”. A trama acaba ficando em segundo plano e não traz muita novidade. Uma dica: preste muita atenção nos nomes dos agentes secretos…

Acredito que o filme mereça uma sequência e, com certeza, será uma franquia de sucesso… se o nível da próxima trama continuar elevado.

Origem nos quadrinhos

O longa é baseado na HQ de mesmo nome (publicada originalmente como A Cidade Mais Fria), do autor Antony Johnston, que já trabalhou nas publicações do Wolverine e do Demolidor. Nos quadrinhos, o foco é espionagem e traições, não existe tanta ação como no cinema… são linguagens diferentes para uma mesma história.

Na Europa, a HQ saiu de forma independente e fez muito sucesso, mas não chegou aqui. Porém, recentemente, a DarkSide Books anunciou o lançamento do quadrinho no Brasil… deve sair neste mês ainda. Vale a leitura para complementar o filme!