ATÔMICA!
O novo filme de Charlize Theron é foda!
Pronto, precisava colocar isso para fora antes de continuar…
Seguindo!
Atômica deve entrar – facilmente – em várias listas de melhores do ano. Assistindo ao filme, é impossível não prever algo desse tipo…
O longa de David Leitch é extremamente competente no que se propõe. Uma puta montagem e um trabalho fantástico na edição de som… tudo isso numa trama de espionagem com várias reviravoltas (e furos).
Os atores estão incríveis! Theron domina a tela!
É engraçado notar como a atriz parece ter ligado o foda-se para o star system hollywoodiano, decidiu se divertir e mostrar que ela manda na própria carreira. A Imperatriz Furiosa e, agora, a espiã Lorraine Broughton são tijolos importantes nessa mudança de rumo…
Os outros personagens acabam não sendo muito bem desenvolvidos, mas são defendidos com muita desenvoltura pelos intérpretes. Destaque para James McAvoy, que coloca mais um louco – muito bem interpretado – no currículo…
Adaptação da HQ The Coldest City – desenhada pelo inglês (mas brasileiro de coração) Sam Hart e lançada recentemente por aqui –, o filme transborda estilo. A fotografia e todo o néon, as cenas viscerais de ação e a forma como foram filmadas…
Não é o John Wick que tentaram vender! A comparação é um erro, mas é tão bom ou melhor!
Enfim… filmaço!
Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato do longa navegar pelos mesmos mares que os filmes dirigidos por Christopher Nolan.
Explico…
Eu sempre achei que o Nolan faz longas de catarse. Filmes onde a decupagem, a trilha, o suspense são criados para sobrecarregar as sinapses dos espectadores e deixá-los enlouquecidos ao fim da projeção.
E Atômica se encaixa – com louvor – nesse perfil! É 100% catártico, mas sem a mesma pretensão artística que os longas do Nolan. Seria inocência negar alguma ambição desse tipo à obra… afinal, aquele plano-sequência incrível, de quase 15 minutos, o clímax da trama, diz o contrário! Mas a trilha sonora ajuda a tirar boa parte da prepotência e dar o tom pop, que deixa o filme muito mais irônico e debochado.
E que trilha, senhores: Queen e David Bowie, The Clash, Public Enemy, New Order, Depeche Mode, Duran Duran, George Michael…
Que trilha!
Em tempos recentes, temos vivido um revival da década perdida. Talvez porque os atuais criadores de conteúdo eram os consumidores daquela época, mas essa é uma discussão para outro momento. A questão é que a trilha sonora do filme Atômica deve ativar a memória afetiva de muita gente…
A gente pode problematizar alguns pontos do filme, como questionar a direção – excessivamente – masculina, a representação da figura feminina e até o fetiche masoquista nas cenas de luta. Mas… sinceramente? É procurar pelo em ovo!
Atômica é um filmaço! Simples e direto!