Cinema

É treta! Godzilla vs Kong finalmente deixa monstros gigantes brigarem… para o deleite do público

servido por: Caio Sandin

“Deixe que briguem”. Desde 2014, essa é a grande frase que acompanha qualquer espectador que assiste aos filmes de monstros e Kaijus produzidos pela Legendary em parceria com a Warner.

O texto que precedia a frase eternizada por Ken Watanabe no primeiro Godzilla, deste novo reboot, retratou bem como a maioria dos fãs viu os longas que se seguiram: “a arrogância do homem é pensar que a natureza está sob nosso controle e não o contrário”.

Seja o drama envolvendo a família de Elisabeth Olsen e Aaron Johnson ou, principalmente, toda a trama criada para o segundo filme do rei dos monstros, envolvendo Millie Bobby Brown, ciências absurdas e teorias da conspiração. Nada disso era o esperado. E, malfeito na maioria das vezes, desagrada mais do que acrescenta à narrativa.

Dramas humanos podem criar empatia, aproximar o espectador daquele mundo de feras do tamanho de arranha-céus — como no brilhante Círculo de Fogo, de Guillermo del Toro — mas os grandes protagonistas são os nomes que estão no título. E, por isso, “deixe que briguem”.

E é nesse ponto que Godzilla vs Kong brilha. Sem vergonha de colocar os nomes que estampam o cartaz — e outros — para cair na porrada, os produtores não deixam passar batida qualquer oportunidade, cenário ou desculpa e o fazem à luz do dia, sem grandes maquiagens temendo pela qualidade gráfica dos Titãs.

As lutas em si são bem filmadas, usando ângulos inteligentes e pelos quais o espectador entende as ações e que seria, realmente, possível acompanhar a batalha.

É preciso, ainda, salientar o crescimento de Kong desde Ilha da Caveira. Se aquele gorila seria esmagado pelas pesadas patas do lagarto, este é capaz de enfrentá-lo quase de igual para igual. Deixando o que seria chamado, no mundo das lutas, de “peso casado” um pouco menos saliente.

Mas não podemos deixar totalmente de lado a parte humana do longa. Bobby Brown está de volta e, felizmente, ganha a companhia de uma nova entourage. Se o jovem e talentoso neozelandês Julian Dennison é extremamente subaproveitado, o não menos hábil e versátil Brian Tyree Henry dá um show e entrega um teórico da conspiração digno das loucuras que o filme toma para si como verdade.

Sem entrar em detalhes específicos, uma das teorias mais absurdas é abraçada pelo roteiro e proporciona belas imagens, além de um merecido desenvolvimento para o passado dos colossos.

Mas, dessa vez, tudo isso vem em função dos pontos centrais da narrativa: os confrontos. Como todo bom tokusatsu, cada nova descoberta gera um novo e interessante ingrediente para as batalhas, cada movimento da trama tem como objetivo escalonar a grandiosidade do quebra-pau.

Tudo pelo entretenimento. E nesse quesito, o filme dá show. Num universo em que o já citado Círculo de Fogo é 10, Godzilla vs Kong ganha um honroso 7.5.