Cinema

Space Jam: Um Novo Legado | Crítica

servido por: Caio Sandin

Se você nasceu na década de 90 e gosta de basquete, muito provavelmente “Space Jam: O Jogo do Século” fez parte da sua infância e, hoje, habita um espaço reservado para lembranças felizes, as quais você guarda com enorme carinho, pela forma como lhe construíram como pessoa.

Este que vos escreve é um exemplo bastante típico deste modelo. Membro de comunidades no Orkut que especulavam uma possível continuação para o filme estrelado por Michael Jordan, o anúncio oficial só fez crescer a ansiedade e a expectativa. Mas, junto delas, o medo de, com um olhar mais maduro, não gostar do que seria feito com a franquia que tantas vezes assistiu na “Tela de Sucessos”, nas noites de sexta — ou no VHS alugado da locadora do bairro.

Mas, logo ao sair do cinema, a sensação de alegria, de curtição pura e simples que tomavam a criança no início dos anos 2000, retornou. Tomando como base os integrantes do Looney Tunes que estrelam o título — ao lado de Lebron James, óbvio — o longa se permite ser isso: divertido.

Repleto de piadas — que tiram risos tanto de crianças, quanto de adultos — e referências, a produção sabe usar da nostalgia para conquistar o público cativo, mas inova para entreter e trazer os novatos consigo nessa jornada.

E se o original focava única e exclusivamente no homem que é considerado o melhor a já ter tocado numa bola de basquete neste planeta, o ‘novo legado’ do pôster acerta em cheio ao saber construir uma relação interessante entre o ‘King James’ e os filhos dele.

OK, o início do filme não é dos melhores, mas é o suficiente para introduzir o conflito de gerações e demonstrar os valores que serão passados dali adiante. E, a partir do momento em que Lebron adentra no mundo digital, é bom pegar a pipoca e o refrigerante, porque o sorriso constante vai teimar, insistindo em se manter no rosto.

O passeio pelos clássicos dos estúdios da Warner Bros. parece uma grande campanha de marketing, mas não chega a incomodar, muito pela pequena duração de cada clipe e pela qualidade — e inventividade — das situações em que os personagens são inseridos. Assim como a queda na relevância da trama no ‘mundo real’ após a incursão do camisa (agora) 6 no ‘mundo do computador’.

Tudo é uma grande construção para chegarmos ao tão esperado jogo. E, nele, o deleite é total. Com a modernização muito bem explicada e, para ser sincero, bastante realista, tendo em vista o que vemos em videogames por aí, a sequência sabe misturar tons de “Jogador No 1″ a temas clássicos — os clichês —, passando por hilárias referências ao original (talvez a melhor piada do longa todo).

Tudo isso ganha mais valor ao percebermos a entrega de Lebron ao projeto, que transparece pela maneira como ele atua — surpreendentemente bem — com as figuras animadas e se deixa levar por todo tipo de loucura proposta pelo roteiro.

Longe de ser esse horror pintado por muitos, mas também sem chegar perto de ser um clássico revolucionário — o que, imagino, nunca foi o objetivo — Space Jam ‘2’ cumpre muito bem a função de divertir, com um visual colorido, piadas pastelão, humor metalinguístico e, de quebra, ainda consegue passar uma mensagem importante para pais e filhos. Além de, principalmente em locais fora dos EUA, introduzir novas pessoas ao basquete — ou à turma Looney Tunes, que anda bastante em baixa.

Sabendo entrar com a cabeça e as expectativas certas — sem esperar uma obra-prima ou um desastre completo — o filme tem tudo para agradar tanto os mais novos, quanto os mais velhos e, assim como o primeiro, criar fãs que seguem com esse ‘novo legado’.