Cinema

A Casa Sombria | Crítica

servido por: Caio Sandin

Nunca fui muito fã de filmes de terror. Desde criança, não me apetecia a ideia de entrar em uma sessão de cinema para, basicamente, sofrer e atrapalhar meu sono dos dias (e quiçá semanas) seguintes. Com o passar do tempo, fui vendo que podia existir algo a mais no gênero que tanto releguei, quando lia textos sobre os temas abordados em longas mais assustadores.

O interesse foi crescendo e, depois de gostar muito de filmes como Corra!, It – A Coisa e A Lenda de Candyman, e não tanto de projeções como It – Capítulo Dois, me sentia preparado para quase tudo que pudesse vir. Mas eu não contava com A Casa Sombria. E fico muito feliz por ter visto.

O arrepio que sinto na nuca enquanto escrevo, somente ao lembrar de passagens do longa, é um dos motivos, claro. Mas as tramas abordadas, de maneira muito inteligente, é que estão gravadas na cabeça.

Perda, luto, os demônios que habitam a mente de cada um e como as relações interpessoais nos fazem superar cada um desses obstáculos são algumas destas discussões que o filme abraça e nos apresenta.

A performance magistral da britânica Rebecca Hall é a joia da coroa. A atriz entrega o drama na mesma medida em que embarca no terror psicológico e conduz a audiência (a mergulhar de cabeça) nos momentos mais tensos, entregando uma interpretação digna de prêmios (que não chegarão, pois os jurados costumam ser velhos que, assim como o meu eu mais novo, julgam o gênero sem assistir).

Os personagens secundários colaboram para expandir nossa relação com a protagonista, na busca por entender o que verdadeiramente lhe aflige. E entregam o que deles é requisitado, mas sem a menor chance de arranhar o controle de cena de Hall.

Um último ponto digno de nota é o design de produção, que usa – com muita inteligência – o fato do marido da protagonista ser arquiteto. A planta, os móveis, a disposição dos cômodos e até mesmo as pilastras são usadas para o avanço da trama e para alguns dos momentos mais tensos.

Passeando por gêneros distintos de terror e sabendo trocá-los de maneira inteligente, à serviço da trama, A Casa Sombria não tem o enredo mais simples de se compreender, mas, com o desenrolar do roteiro, tudo se encaixa diante dos seus olhos. A atuação de Hall faz o público passear por todos os sentimentos, inseguranças e incertezas de uma mente complexa, navegando – com segurança – por um mar que tinha tudo para ser mexido e complexo.

É por filmes como A Casa Sombria que, assim como eu, todos deveriam dar uma chance aos longas de terror.