Cinema

O Palestrante | Crítica

servido por: Ronald Johnston

Fábio Porchat e Dani Calabresa são dois dos maiores nomes da comédia nacional, não só dessa nova leva de humoristas.

Os milhões de seguidores também foram conquistados pela versatilidade, já que atuam em diversos formatos, inclusive como apresentadores.

A dupla já atuou junta em vídeos para o Porta dos Fundos, que lançou diversos comediantes na última década.

Porém, apesar das inúmeras parcerias no YouTube, nunca haviam atuado juntos em um longa.

Notou o verbo no passado? Sim! Isso acaba de ser corrigido em O Palestrante, nova produção nacional, cuja estreia nos cinemas brasileiros é no próximo dia 4 de agosto.

Finalmente!!

Na trama, Guilherme (Porchat) trabalha em uma empresa que literalmente drena a energia dele. Com um chefe babaca (Ernani Moraes), que faz piadinhas constrangedoras, e uma colega (Débora Lamm) que o chama para um happy hour para o qual nunca consegue ir, ele gosta da própria vida apesar de tudo.

É infeliz e não sabe. Ou sabe?

Mas o contador fica sem perspectivas, pois, no mesmo dia em que descobre que será demitido, acaba abandonado pela noiva (Letícia Lima), que o troca por um ortodontista, levando praticamente tudo embora às vésperas deles comprarem uma casa própria.

Vendo-se de repente sem chão, viaja para o Rio de Janeiro com o objetivo de resolver pendências da empresa. Sem encontrar um rumo na vida, se depara no desembarque com uma mulher esperando a chegada de alguém com uma placa: o nome de um “famoso” palestrante motivacional. Mexido com a falta de perspectiva, em um impulso de quem não tem nada a perder, se faz passar por outra pessoa e assume o lugar do tal Marcelo, tão somente para provar a si mesmo que consegue voltar a ser um cara divertido e descolado, sem saber que o orador foi contratado para animar os funcionários da empresa de Denise (Calabresa), numa tentativa desesperada de mudar a opinião da equipe sobre ela. O protagonista então tem que colocar todos para cima, mas talvez ele também precise dessa nova personalidade para achar uma razão própria para viver.

Também estão no elenco Miá Mello, Otávio Muller, Paulo Vieira, Antonio Tabet e Maria Clara Gueiros.

Destaque para a participação de Evandro Mesquita!! (Obs.: nos créditos mais ainda, fique atento!)

O roteiro é do próprio Porchat com Cláudia Jouvin.

E reside aí o meu problema.

Acaba centrado nesse papel principal que acaba se metendo numa espiral de mentiras que o leva ao limite emocional.

Nisso, o ator dá aula!

Mas acaba que os outros personagens ficam com pouco espaço para crescerem, limitando-se a cenas com moldes repetitivos.

Quando você tem tantos talentos para o humor, é um risco.

Ainda existem furos, alguns até contornados, outros que ficam por isso mesmo e são tratados com normalidade.

Há, porém, dois destaques: o surto psicótico de um rapaz rico e mimado interpretado pelo Rodrigo Pandolfo (filho da Dona Hermínia de Minha Mãe é Uma Peça), show de atuação.

E o par Gueiros e Tabet, dono de bons momentos…

Aliás, em menos de duas horas, o filme de Marcelo Antunez tem momentos de romance, mas é na comédia que acerta.

Gravado em 2018, a produção chega só agora às telonas.

Às vésperas do Dia dos Pais, pode ser um bom programa para inspirar os coroas que precisam de uma ajudinha para dar aquela guinada e voltarem a ter o brilho de outrora, rs…